A Maldição da Pedra Rúnica
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Sobre a História: A Maldição da Pedra Rúnica é um Histórias de Lendas de united-states ambientado no Histórias Contemporâneas. Este conto Histórias Dramáticas explora temas de Histórias de Bem vs. Mal e é adequado para Histórias para Adultos. Oferece Histórias Divertidas perspectivas. Desenterrando um Juramento Antigo e Mortal nas Florestas do Norte.
Introdução
Tom Mikaelson nunca acreditara em lendas, mas, de pé num mar de pinheiros sussurrantes, sentiu o passado se agitar sob suas botas. O sol do fim de tarde atravessava os abetos imponentes, iluminando partículas de poeira flutuantes como vagalumes dourados. O aroma da resina de pinho pairava no ar, cortante e adocicado, lembrando-lhe as acampadas da infância, quando mitos pareciam tão reais quanto barras de granola e a fumaça da fogueira. Ele se agachou ao lado da amiga de longa data, Elena Schultz, e limpou a terra argilosa de uma laje de pedra de formato estranho. Os entalhes — traços angulares e bem definidos — não se assemelhavam a nada do folclore Ojibwe local. Em vez disso, evocavam mares do norte e ventos gélidos, juncos cortando as ondas como facas de aço.
Os dedos enluvados de Elena percorreram as runas, e sua respiração falhou como se houvesse aspirado o fantasma de um antigo marinheiro. A terra sob as palmas de Tom parecia úmida e fria, como um aperto de mão de um desconhecido num dia de inverno. No peito, seu coração martelava como o ferro que um ferreiro forja o destino. Ele lançou um olhar ao redor da clareira: a floresta repousava silenciosa como um espectro murmurante, os cantos dos pássaros habituais engolidos pela quietude da descoberta. “Você pode apostar, isto é coisa de outro mundo”, murmurou Elena, a voz baixa como uma brisa de primavera agitando as agulhas.
A pá do Tom raspou na pedra, vibrando pelo braço. De repente, a superfície do monólito pulsou sob seus dedos, como se respirasse. Sua pele arrepiou-se, e um sopro salgado roçou seu pescoço. Uff da — pensou, recuando num susto, quase perdendo o equilíbrio. A floresta silenciosa pareceu inclinar-se, atenta.
Eles ficaram em silêncio, suas respirações formando nuvens tênues no ar fresco. Ninguém falou enquanto Tom levantava o último torrão de terra. Sob o céu cinza de lua nascente, revelou-se a totalidade do monólito: uma laje alta e irregular, gravada com símbolos entrelaçados, runas sinuosas serpentando por sua face. Desenterrá-lo foi como arrombar um diário trancado escrito pelo próprio tempo. Em algum ponto profundo daquela clareira silenciosa, algo antigo e feroz despertara, ávido por lembrar seu juramento.
Desenterrando o Passado
Na manhã seguinte, a notícia da descoberta de Tom e Elena causou ondas pela pequena cidade à beira do lago Pinewood Falls. Repórteres chegaram, câmeras em punho, como se esperassem que fantasmas surgissem do mato. O vapor de suas respirações flutuava no ar frio da aurora, e o vento com perfume de pinho trazia o murmúrio distante das conversas da vila. Moradores se aglomeravam na passarela sobre o Silver Lake, segurando canecas fumegantes enquanto trocavam teorias salpicadas de Uff da. Alguns juravam que o monólito fora abençoado pelo próprio Thor; outros diziam ter runas nórdicas antigas de proteção gravadas em sua superfície. Ainda assim, nenhuma lenda se igualava à energia inquietante que pairava sobre a clareira, como musgo úmido.

Tom fazia guarda no local, examinando as runas com uma lente de aumento. Cada símbolo curvava-se e cruzava-se, girando como tinta pingada na água. A textura da pedra era áspera como casca, salpicada de líquens esbranquiçados, como pergaminho antigo ao sol. Elena agachava-se ao lado dele, afastando agulhas de pinheiro, com a respiração em baforadas constantes. Um pica-pau martelava nas proximidades, seu rat-tat surdo ecoando pelos pinhais quietos. O som parecia deslocado, como se a própria natureza ficasse boquiaberta com o que fora desenterrado.
Eles consultaram a Dra. Irene Bjorklund, antiquária local de descendência viking. Sua cabana aconchegante cheirava a óleo de bétula e livros antigos, e seus olhos cintilavam por trás das hastes de tartaruga dos óculos. Falava com voz comedida: “Essas runas contam um voto vinculante, feito sob a Luz do Norte. Quebrá-lo poderia liberar forças que é melhor deixar adormecidas.” Suas palavras pousaram nas costelas de Tom como um bloco de gelo. Ele olhou pela janela para os abetos escuros balançando contra o céu pálido, atento a algo se esgueirando pela quietude.
Naquela noite, Tom teve dificuldade para dormir. O vento arranhava as paredes da cabana como unhas no tronco. A cada rajada, parecia ouvir um sussurro chamando seu nome. Debaixo do travesseiro, o celular vibrava num vendaval de mensagens: amigos preocupados, manchetes sensacionalistas, apelos para devolver a pedra. Seu reflexo na janela parecia cadavérico, olhos arregalados de medo. Ele levantou-se e foi até a beira do lago, botas afundando na areia encharcada de orvalho. A água lambia a margem em ondas suaves, cada suspiro sutil. O luar traçava um caminho prateado sobre a superfície, e por um instante ele jurou ver uma forma abaixo — longa e esguia, movendo-se contra a corrente como um barco-fantasma.
Ele sacudiu a cabeça, enterrou a imagem e voltou ao acampamento, ofegante. Na barraca, Elena já estava acordada, encarando o monólito ao lado do saco de dormir. A laje parecia cintilar, viva. Ela encontrou o olhar dele e fez lábios: “Quase rachou meu crânio quando pulsou.” Tom engoliu em seco. O monólito, meio enterrado e meio lembrado, tornara-se farol — e aviso. Sob o dossel silencioso da floresta, uma promessa antiga se agitava, pronta para cumprir seu juramento com força implacável.
O Despertar Invisível
A noite caiu como tinta derramada sobre as Matas do Norte, e com ela veio um silêncio sobrenatural. As criaturas que prosperam no crepúsculo — corujas, guaxinins, sapos — ficaram estranhamente imóveis, como se o despertar do monólito as houvesse silenciado de reverência ou medo. Tom voltou à clareira armado com uma lanterna, cujo brilho projetava sombras trêmulas na superfície esculpida da pedra. Cada runa parecia contorcer-se na luz, viva com uma fosforescência oscilante. Ele se abaixou, dedos percorrendo as ranhuras, sentindo uma vibração sutil — como o batimento cardíaco da terra.

Elena vigiava, a respiração visível na penumbra. Cheirou o ar e franziu a testa. “A terra está com cheiro mais fraco — não chove, mas há esse toque de ozônio. Você sente isso também?” A voz dela tremia, frágil como um cervo na geada. Ele assentiu, tensão enrolando-se em seus ombros. Acima deles, o vento acariciava as agulhas de pinheiro num suave sussurro, parecido com um cântico distante.
De repente, uma rajada varreu a clareira, apagando a lanterna com um chiado. Tom praguejou e vasculhou o escuro à procura de uma partida. Quando a luz voltou, ele congelou. Um fio de fumaça — ou seria névoa? — pairava sobre o monólito, serpenteando em direção às copas das árvores. A forma ondulava, alongava-se e enroscava-se de volta em si mesma. Parecia tinta submersa, escura e hipnótica.
Um gemido baixo ergueu-se do chão, como se a terra protestasse contra um juramento quebrado. Tom firmou a palma na pedra. As runas brilharam num azul pálido, e o ar tornou-se mais frio que um lago de inverno em Minnesota. Seus ossos estalaram ao sentir o frio súbito. Elena avançou, segurando seu braço. “Tom, sai daí!” gritou, a voz fina como caniço. Mas a aparição de névoa erguia-se, delineando um corpo humanoide com olhos como carvões em brasa.
Estendeu os braços na direção deles, filamentos delgados ondulando como estandartes num vazio sem vento. A boca da criatura deixou escapar um grito mudo que Tom sentiu reverberar em seu crânio. Ele recuou, coração martelando como bigorna. O espírito névoa inclinou-se como se fosse falar. Então pronunciou palavras numa língua mais antiga que qualquer alma viva, voz rouca como um sopro de gelo no tímpano de Tom.
Elena levantou a lanterna de mão. Seu feixe cortou a escuridão, revelando as feições cadavéricas da criatura — cavidades onde deveriam existir bochechas, cicatrizes rúnicas rastejando pela carne como vinhas vivas. “Pelo Olho de Odin,” sussurrou ela, “é real.” O espírito recuou, sua forma desintegrando-se em filamentos sombrios que se enfiaram de volta na face da pedra. As runas brilharam mais intensamente, pulsando como um coração.
Tom percebeu então que o monólito era ao mesmo tempo prisão e portal. Eles haviam quebrado seu selo, e agora a alma aprisionada buscava libertação. A clareira pareceu encolher, os pinheiros aproximando-se como testemunhas indignadas. Ele engoliu seco, sentindo o gosto metálico do medo na boca. O mundo se reduziu ao brilho tremeluzente da runa e ao último lamento da criatura. Em algum ponto da quietude, um corvo grasnou — lembrete sombrio de que a floresta jamais dorme de verdade.
Enfrentando a Maldição
Ao toque dos dedos pálidos da aurora nos topos das árvores, Tom e Elena reuniram-se à beira da clareira, rostos marcados pela exaustão. Cada um segurava um termoss de café, embora nenhum sentisse o calor. Os pássaros retornaram — estorninhos e chapins — mas seus cantos soavam ocos. A floresta dava a impressão de ter sido ferida. Tom tirou o celular do bolso e deslizou o dedo pelas mensagens alarmantes. As redes sociais fervilhavam com relatos de aparições, vídeos virais e previsões apocalípticas. “Uff da, isso tá pendendo pro caos,” murmurou Elena, fitando a tela.

Eles precisavam de ajuda. Dra. Bjorklund chegou com a primeira luz, carregada de tomos empoeirados e frascos de ervas. Espalhou páginas sobre a caçamba da caminhonete de Tom — esboços de cerimônias nórdicas, feitiços de vinculação, amuletos feitos de sorveira e ferro. “O monólito encarna um juramento de vingança,” explicou ela. “Para selá-lo de novo, é preciso refazer o rito original sob o mesmo céu que testemunhou sua criação.” Ela inalou fundo, e o aroma de zimbro e fuligem se misturou ao interior apertado do carro, tornando o momento simultaneamente sagrado e urgente.
Prepararam-se em silêncio. Elena trançou um cordão de casca de sorveira em nós protetores enquanto Tom enchia uma tigela de madeira com água do lago e misturava limalhas de ferro. O monólito repousava no centro da clareira, suas runas brilhando tênues como brasas. Acima, nuvens de tempestade se reuniam, espelhando a tensão crescente. O vento ergueu-se, estalando galhos.
A Dra. Bjorklund começou a cantar em nórdico antigo, voz firme e urgente. Tom e Elena deram as mãos, contornaram a pedra três vezes, entoando a tradução do voto vinculante: “Eu prometo meu juramento, na sombra e na luz, guardar este reino contra a noite infinita.” O vento rodopiou, levantando agulhas de pinheiro num vórtice semelhante a um pequeno tornado. O trovão resmungou além das colinas.
As runas irromperam num clarão branco, iluminando seus rostos determinados. O chão tremeu, como se a terra se insurgisse contra o ritual. Um grito dilacerou o ar — meio humano, meio metálico — e uma sombra pairou sobre a pedra, retorcida pela dor. Os joelhos de Tom ardiam de tanto ajoelhar-se. Ele derramou a mistura de água e ferro sobre as runas. Faíscas chiaram e estalaram, e o espírito urrou enquanto seu corpo se desfazia em fios de fumaça.
Elena pressionou o cordão de sorveira contra a face da pedra, selando as runas mais uma vez. “Feche o voto,” exortou. Tom sussurrou as palavras, voz trêmula como gelo fino. Arcos de luz dispararam das runas, convergindo no cordão até que ele brilhou em vermelho. Então, de súbito, a tempestade se rompeu. O relâmpago riscou o céu, desabando sobre a clareira. A chuva atingiu em quedas intensas, lavando a mistura sacrificial e apagando o brilho das runas.
Eles caíram um nos braços do outro, encharcados, mas vivos. O monólito jazia silencioso, a superfície fria como pedra rolada por um rio. A floresta pareceu suspirar, aliviada, exalando o perfume de pinho molhado. “Pode apostar que conseguimos,” respingou Elena, voz rouca, porém triunfante. Tom assentiu, certo de que a pedra voltara ao sono turbulento. Ao redor, os pinheiros retomaram seu suave sussurro, como se perdoassem o distúrbio e recebessem a luz suave do amanhecer.
Conclusão
Semanas depois, Tom estava à margem do lago onde tudo começara. O amanhecer cintilava sobre o Silver Lake, a água calma como espelho. O monólito, novamente sepultado sob agulhas de pinheiro e terra, permanecia oculto — sua antiga maldição contida pelo cordão de sorveira e pela fria promessa do ferro. Em Pinewood Falls, a vida retomara seu ritmo tranquilo: crianças patinavam no parque da cidade, pescadores lançavam suas linhas ao nascer do sol, o fervor jornalístico daria lugar a vendas de doces e festivais de inverno.
Elena visitava o local com frequência, sussurrando agradecimentos à pedra em momentos solitários de sol baixo. Tom às vezes se flagrava vasculhando a copa das árvores, esperando ver um filete de névoa se desprender. Mas, todas as vezes, a floresta só o saudava com vento e canto de pássaros. O mundo tornara-se maior para ele — repleto de ecos ocultos e histórias soterradas.
Dra. Bjorklund publicou suas descobertas em um periódico local: “A Pedra Rúnica de Pinewood Falls: um Juramento Vinculado Reforjado.” Acadêmicos e céticos debateram suas conclusões, mas ninguém pôde negar as origens estranhas do monólito nem o poder que um dia exercera. Tom doou o exemplar ao museu histórico da cidade, na esperança de que a história da pedra perdurasse além da memória.
Na quietude da madrugada, quando a resina de pinho cintilava sobre agulhas beijadas pela geada, Tom lembrava-se das palavras de Elena: “O coração da história bate mais forte que qualquer silêncio.” Ele respirava o aroma das Matas do Norte — pinho e terra, promessa e aviso — e seguia para casa, sabendo que certas lendas recusam-se a ser esquecidas.