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Sobre a História: O Velho e as Árvores Cantantes é um Lenda de afghanistan ambientado no Antigo. Este conto Descritivo explora temas de Sabedoria e é adequado para Todas as idades. Oferece Moral perspectivas. Em um antigo bosque afegão, os sussurros das árvores guardam os segredos do passado e os avisos do futuro.
Nas montanhas acidentadas do Afeganistão, aninhada entre antigos vales e rios sinuosos, ficava a vila de Gul Darrah. Era uma terra de imponentes nogueiras, campos em terraços e casas de adobe empilhadas nas encostas como escadarias de terra. As pessoas de Gul Darrah levavam vidas simples—cultivando suas plantações, reunindo-se na praça da vila para as orações da noite e compartilhando histórias à luz do fogo.
Mas logo além da vila, além da última ponte de pedra, erguia-se algo misterioso—um bosque de árvores ancestrais.
Os moradores temiam o bosque. Sussurravam que suas árvores não eram como árvores comuns—suas ramas se moviam sem vento, suas folhas brilhavam ao luar e, em noites silenciosas, cantavam com vozes que não eram nem humanas nem bestiais.
No coração do bosque vivia um velho chamado Baba Darwish.
Alguns o chamavam de eremita, outros de lunático, e alguns, em tons sussurrados, diziam que ele era o guardião de segredos há muito esquecidos.
Por anos, ninguém ousava pisar sob as árvores.
Até que, um dia, um viajante chamado Aziz chegou a Gul Darrah, em busca da verdade por trás da lenda.
E a partir daquele momento, nada na vila jamais seria igual. A poeira da estrada grudava na capa de Aziz enquanto ele se dirigia para a vila. Sua jornada havia sido longa, e suas pernas doíam pela escalada incessante pelos caminhos montanhosos. Ele ouvira rumores sobre as Árvores Cantoras e, embora a maioria as descartasse como contos de velhas, Aziz sempre acreditou que as histórias continham fragmentos de verdade. Encontrou a praça da vila movimentada—mulheres amassando a massa para a refeição da noite, crianças correndo umas atrás das outras com brinquedos de madeira e homens idosos sentados sob a sombra de uma antiga amoreira, discutindo os assuntos do mundo. Aziz se aproximou de um dos anciãos, um comerciante vendendo sacos de amêndoas e damascos secos. — Diga-me — disse Aziz, baixando a voz. — O que você sabe sobre as Árvores Cantoras? As mãos do velho comerciante, firmes mesmo com a idade, pausaram sobre as amêndoas. Seu rosto escureceu. — Por que você pergunta sobre coisas que é melhor deixar em paz? Aziz não vacilou. — Porque desejo ouvi-las por mim mesmo. O comerciante zombou, balançando a cabeça. — Menino tolo. O velho que vive lá fala com as árvores, mas ele não é um homem comum. Alguns dizem que ele é um feiticeiro, outros que vive há cem anos. Vá se precisar, mas não volte para nós com a loucura nos olhos. Aziz agradeceu com uma reverência e, enquanto o sol se punha atrás das montanhas, partiu em direção ao bosque dos mistérios. Aziz seguiu um caminho estreito que se afastava da vila, passando pelo rio onde mulheres lavavam roupas e pelos campos de trigo onde homens afiam suas foices. Ao se aproximar do bosque, uma sensação estranha se estabeleceu sobre ele. As árvores eram diferentes de tudo o que ele já tinha visto. Seus troncos estavam torcidos pela idade, suas ramos estendiam-se em direção aos céus e suas folhas brilhavam como prata sob a luz que se apagava. Então, o ar mudou. Um som—suave, assombroso, melódico—flutuava pelas árvores. Aziz congelou. Não era o vento. O som subia e descia, como uma canção cantada por lábios invisíveis. — Você as ouve, não é? A voz o assustou. Aziz virou-se para ver um homem velho e magro em pé entre as árvores. Seu rosto estava marcado por linhas profundas, sua barba prateada caía até o peito. Usava um xale simples de lã e seus olhos eram escuros e insondáveis. — Você deve ser Baba Darwish — disse Aziz. O velho homem assentiu. — E você deve ser um homem que ouve. Aziz engoliu em seco. — Por que as árvores cantam? Baba Darwish passou os dedos pela casca de uma árvore, como se sentisse seu pulso. — Porque elas se lembram — murmurou. — Elas lembram o que os homens esquecem. Aziz franziu o cenho. — O que elas lembram? O olhar do velho homem permaneceu sobre ele. Então, sem mais palavras, ele virou-se e fez sinal. — Venha. Se realmente deseja saber, deve ouvir não com os ouvidos, mas com o coração. Com a chegada da noite, Aziz sentou-se com Baba Darwish sob a árvore mais antiga do bosque. O ar estava denso com o cheiro de terra e cedro, e a melodia das árvores vibrava ao fundo como uma canção de ninar distante. — Veja — começou Baba Darwish — há muito tempo, antes da guerra e da ruína, antes de reis e conquistadores, houve um grande governante — Malik Shah. Aziz ouviu atentamente enquanto o velho homem tecia a história. Malik Shah havia sido um rei sábio e justo, amado por seu povo. Mas a inveja cresceu entre seus conselheiros e, um a um, eles o traíram. Na véspera de sua execução, o rei fugiu para as montanhas, buscando refúgio no bosque. — Conforme seus inimigos se aproximavam — sussurrou Baba Darwish — ele pressionou as palmas das mãos contra a casca da árvore mais antiga e sussurrou seus segredos para o tronco. Aziz inclinou-se para frente. — E o que aconteceu? — A árvore ouviu. A respiração de Aziz ficou presa. A voz de Baba Darwish suavizou. — Desde aquele dia, as árvores guardam sua história — e muitas outras. Elas sussurram as verdades que os homens tentam enterrar. Aziz olhou ao seu redor, de repente ciente de que as canções no ar eram mais do que apenas sons. Eram memórias. E então, o olhar de Baba Darwish tornou-se pesado. — E agora — disse ele — elas o escolheram para ouvir. Dias se passaram, e Aziz permaneceu no bosque, atraído cada vez mais pelo seu mistério. Ele aprendeu a ouvir as árvores não apenas como sons, mas como vozes. Então, uma noite, a canção mudou. Os sussurros tornaram-se gritos de angústia. As árvores balançavam, embora não houvesse vento. Suas folhas tremiam. Baba Darwish acordou assustado. — Elas estão nos avisando — disse ele. — Uma grande seca está chegando. Ao amanhecer, eles correram para a vila. — Vocês devem armazenar comida — urgiu Baba Darwish ao povo. — Devem se preparar para uma fome! Mas o ancião da vila zombou. — Árvores não prevêem o futuro! Apenas alguns aldeões deram ouvidos ao aviso. Eles colheram trigo, armazenaram água e se prepararam para o que outros se recusaram a acreditar. E então— a seca chegou. Os rios secaram. Os campos se transformaram em pó. Gul Darrah sofreu. Mas aqueles que ouviram sobreviveram. Baba Darwish havia enfraquecido. Suas mãos, outrora firmes como as raízes das árvores, tremiam. Uma noite, ele chamou Aziz para seu lado. — Meu tempo está próximo — disse ele suavemente. O coração de Aziz apertou. — Não. Você é forte. Baba Darwish sorriu. — As árvores me disseram o contrário. E, enquanto o vento levava a última canção da noite, Baba Darwish fechou os olhos. Sua última respiração o deixou tão suavemente quanto uma folha caindo na terra. Aziz enterrou o velho sob a árvore mais antiga. Sentou-se lá por dias, esperando. Então, uma noite, as árvores sussurraram um nome. E ele soube. Ele agora era o guardião. Anos depois, outro viajante chegou a Gul Darrah. Seguindo os sussurros, encontrou um bosque onde as árvores cantavam e um homem que entendia suas vozes. Um Aziz mais velho o recebeu com um sorriso compreensivo. — Você as ouve? O viajante hesitou, então assentiu. Aziz colocou uma mão na casca da árvore. — Elas se lembram. E assim, a lenda das Árvores Cantoras continuou.O Estranho na Vila
As Folhas Sussurrantes
O Conto do Guardião
O Aviso
O Fim e o Começo
Aziz.
Epílogo: O Próximo Viajante
Fim.