Tempo de leitura: 7 min

Sobre a História: O Fazedor de Chuva da Tribo Luba é um Myth de dominica ambientado no Ancient. Este conto Poetic explora temas de Nature e é adequado para All Ages. Oferece Cultural perspectivas. Um jovem aprendiz deve superar a dúvida e o medo para se tornar o Fazedor de Chuva e salvar seu povo de uma devastadora seca.
Nas vastas e indomadas terras do Congo, onde a selva esmeralda encontra a savana dourada, o povo Luba prosperou por séculos. Suas aldeias foram construídas com a sabedoria transmitida de geração em geração, suas tradições enraizadas nos espíritos da terra, dos rios e do céu. Entre essas tradições, nenhuma era tão sagrada quanto a chamada do Chamariz de Chuva.
O Chamariz de Chuva não era apenas um homem ou mulher comum, mas uma ponte entre os vivos e os ancestrais, um receptáculo através do qual os espíritos falavam. Sem o Chamariz de Chuva, as chuvas não vinham, e sem elas, a própria vida desapareceria.
Esta é a história de Kalala, um jovem que carregava o peso da sobrevivência de seu povo sobre seus ombros. Ele foi escolhido para ser o próximo Chamariz de Chuva, mas a dúvida turvava seu coração. Será que ele realmente conseguia invocar os céus? Será que ele conseguia manejar o poder dos espíritos? Ou ele falharia e condenaria seu povo à seca e à fome?
Esta é a história de suas provas, seus medos e seu despertar.
A aldeia de Katanga sempre conheceu estações de abundância, quando os rios transbordavam de vida e os campos rendiam milho, mandioca e bananas em grande quantidade. Mas este ano, os céus haviam fechado suas portas. A seca chegou como uma maldição silenciosa. Durante meses, o céu permaneceu uma vasta extensão ininterrupta de azul, sem nuvens. Os rios encolheram, seus leitos rachados como cerâmica quebrada. O gado, antes gordo e forte, estava magro, com as costelas aparecendo através das pelagens. As crianças não riam mais enquanto brincavam, mas sentavam-se à sombra, apáticas e fracas. Ao anoitecer, os anciãos convocaram uma grande reunião. Toda a aldeia se reuniu no Grande Círculo sob o antigo baobá, cujos galhos retorcidos alcançavam os céus como braços suplicantes. O chefe Mwene Kanyoka levantou-se, com a voz grave. “Nossa terra está murchando. As colheitas se recusam a crescer, e o gado está adoecido. Esperamos pelas chuvas, mas elas não vêm.” Um murmúrio percorreu os aldeões. “O Chamariz de Chuva deve agir,” resmungou um ancião, com a voz rouca pela idade. “Onde está Mzee Luhuma?” Todos os olhos se voltaram para o homem idoso sentado perto do fogo. Mzee Luhuma, o Chamariz de Chuva dos Luba, já não era a figura forte que um dia foi. Suas mãos tremiam, sua voz antes poderosa agora mal passava de um sussurro. “Meu tempo acabou,” ele disse. “Os espíritos escolheram outro.” Os aldeões se enrijeceram. A resposta era conhecida, mas dita em voz alta, carregava peso. Kalala. Kalala era o escolhido, o aprendiz que havia treinado sob a orientação de Mzee Luhuma. Mas ele era jovem. Inexperiente. O chefe Mwene Kanyoka fixou Kalala com seu olhar penetrante. “Você deve invocar as chuvas, Kalala. Sem elas, não sobreviveremos a mais um ciclo lunar.” Um nó se formou na garganta de Kalala. Ele havia estudado os rituais, entoado as invocações e observado Mzee Luhuma chamar os céus. Mas nunca havia feito isso sozinho. E se ele falhasse? “Os espíritos o escolheram,” murmurou Mzee Luhuma. “A questão não é se você está pronto, mas se você irá ouvir.” O fogo crepitava. O peso de cem olhares pressionava sobre Kalala. “Eu vou tentar,” sussurrou. Naquela noite, Kalala sentou-se diante das brasas moribundas do fogo fora da cabana de Mzee Luhuma. O velho Chamariz de Chuva colocou um pequeno feixe de ervas nas mãos de Kalala. “Você deve ir à Montanha dos Ecos,” disse Luhuma. “Lá, os espíritos irão testá-lo. Se passar, eles lhe concederão o poder de chamar as chuvas.” A Montanha dos Ecos ficava no fundo da selva, um lugar onde poucos ousavam ir. Dizia-se que apenas os dignos podiam alcançar seu pico e retornar. Ao amanhecer, Kalala partiu, armado apenas com seu cajado e a bolsa sagrada de ervas. A selva o engoliu por completo. Trepadeiras grossas serpenteavam pelo caminho, forçando-o a cortar seu caminho. O ar estava úmido e pesado, cheio dos gritos distantes de criaturas invisíveis. Às vezes, ele ouvia sussurros—vozes suaves chamando seu nome das sombras. No segundo dia, a fome corroía sua barriga. Ele colheu frutas silvestres, tomando cuidado para evitar as amargas—Mzee Luhuma lhe havia ensinado a diferença. Na terceira noite, ele acordou com um par de olhos brilhantes observando-o da vegetação. Uma pantera. Ele permaneceu imóvel, com o coração disparado. A grande felina o encarava, sem piscar. Então, sem som, ela se virou e desapareceu na escuridão. Um teste, talvez. No quarto dia, ele alcançou a Montanha dos Ecos. Seus penhascos se erguiam diante dele, rostos marcados com estranhas esculturas—a linguagem dos ancestrais. No cume, ele acendeu uma fogueira e polvilhou as ervas sagradas nas chamas. Fumaça densa subiu, torcendo-se e mudando até assumir a forma de figuras espectrais. Os espíritos haviam chegado. “Você busca a chuva,” retumbou uma voz profunda. “Sim,” respondeu Kalala. “Mas eu não sei como.” Uma figura avançou, envolta em névoa. “A chuva não vem apenas do céu, Kalala. Ela vem de dentro. Para invocá-la, você deve se tornar a própria tempestade.” O vento uivou. Kalala sentiu uma estranha energia percorrendo seu corpo, como se suas veias se transformassem em relâmpagos. “O tempo chegou,” sussurraram os espíritos. “Retorne ao seu povo.” Kalala desceu a montanha, sua mente a mil. Os espíritos haviam falado, mas realmente lhe deram o poder? Ou apenas lhe deram a crença? Quando chegou à aldeia, as pessoas correram para ele. “Os espíritos falaram?” perguntou o chefe Mwene Kanyoka. Kalala assentiu. “Eu devo chamar a tempestade.” Os aldeões se reuniram no Grande Círculo. Os tambores começaram a tocar, seus ritmos ecoando pela noite. Kalala levantou os braços, sua voz crescendo em um cântico mais antigo que a própria aldeia. O vento agitou-se. Primeiro uma brisa, depois uma rajada que levantou poeira no ar. Kalala sentiu algo profundo dentro de si, algo vasto e indomado. Ele levantou seu cajado—e o céu, antes vazio, escureceu com nuvens turbulentas. Um raio rasgou os céus. Os aldeões ofegaram. O vento rugiu, dobrando as árvores. E então, as primeiras gotas de chuva caíram. Primeiro um sussurro, depois um torrente. Os aldeões explodiram em aplausos. Crianças dançaram, anciãos choraram, e o gado levantou as cabeças para beber das poças frescas. Kalala caiu de joelhos, exausto. Ele havia conseguido. Tornou-se o Chamariz de Chuva. Por três dias, as chuvas continuaram, enchendo os rios e revivendo a terra. Kalala não era mais um aprendiz—ele era o protetor de seu povo. Mzee Luhuma sorriu. “Você abraçou sua vocação, Kalala.” Mas Kalala sabia que a jornada não havia acabado. Ser um Chamariz de Chuva não era apenas invocar tempestades—era entender o equilíbrio de todas as coisas. Ele jurou honrar esse dom. Enquanto a aldeia celebrava, Kalala ficou à beira do Grande Círculo, observando as nuvens de tempestade persistirem. Os espíritos o haviam escolhido. E agora, ele caminhava com eles. O nome de Kalala tornou-se lenda. Sua história foi passada de ancião para criança, contada ao redor das fogueiras por gerações. E mesmo hoje, quando as secas chegam e a primeira chuva cai, o povo Luba sorri e diz— “O Chamariz de Chuva caminha entre nós mais uma vez.”Uma Terra de Terra Rachada
O Caminho dos Espíritos
A Prova da Tempestade
O Guardião do Equilíbrio
Epílogo: O Legado do Chamariz de Chuva