Os Lemurianos do Monte Shasta: Segredos sob o Pico Nevada
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Sobre a História: Os Lemurianos do Monte Shasta: Segredos sob o Pico Nevada é um Lenda de united-states ambientado no Século XX. Este conto Descritivo explora temas de Natureza e é adequado para Adultos. Oferece Cultural perspectivas. Uma expedição corajosa revela os antigos habitantes escondidos sob o coração congelado do Monte Shasta.
Introduction
Muito antes de a maioria dobrar-se sob o peso da pressa moderna, o Monte Shasta erguia-se como um sentinela, seu cume nevado envolto em nuvens rodopiantes. Os moradores das cidades vizinhas falavam de sussurros sob o gelo, murmúrios trazidos pelo vento, como se a montanha contasse segredos feitos de flocos de neve. Desde 1900, surgem lendas dos lemurianos — descendentes de uma civilização perdida que supostamente se refugiou nas profundezas do véu gelado de Shasta.
Cheguei numa manhã fria, sentindo o aroma de resina de pinho impregnado no ar. O ranger da geada sob minhas botas ecoava como o tique-taque cuidadoso de um relógio. Os habitantes afirmavam que seus avós tinham vislumbrado tênues brilhos verdes sob as rochas, “como achar água no deserto.” Pois, pensei, soava como um conto mirabolante. No entanto, as estrelas acima brilhavam com certa impaciência, como se me instigassem a prosseguir.
Nossa expedição reuniu-se no Acampamento Henderson, cachecóis bem enrolados contra a brisa cortante. Apesar do frio que mordia minhas bochechas, um calor florescia em meu peito — metade excitação, metade apreensão. Em todos os lados, as encostas da montanha erguiam-se como um colossal tapete de gelo e pedra. Naquele instante, compreendi que escalar o Shasta era mais do que um feito físico; era uma jornada até o próprio coração pulsante da Terra.
Uma fissura de gelo ao longe me sobressaltou, lembrando-me de que a montanha estava viva. E assim, com picareta e lanterna em mãos, mergulhei na lenda, pronto para enriquecer não em ouro, mas em verdades. Pois, pode ser que eu estivesse perseguindo fantasmas, mas, às vezes, um estudioso precisa seguir seu sonho pelos sinuosos corredores do mito. As agulhas de geada no colo sussurravam: adiante.
The Frozen Summit
O Acampamento Henderson jazia como uma relíquia esquecida aos pés da montanha, tendas encolhidas contra os flocos de neve rodopiantes e os pinheiros semi-congelados. O cheiro de brasas em brasa escapava das fogueiras de cozinha, misturando-se ao perfume revigorante do zimbro preso na neve. Um silêncio nítido envolvia o acampamento até que alguém acendesse uma lanterna e as vozes se erguessem em murmúrios esperançosos.
Edward, nosso geólogo, bateu num diário encadernado em couro. “Este mapa mostra uma fissura aqui”, explicou ele, enquanto o dedo seguia uma linha tênue na borda da geleira. “As lendas dizem que é a fenda que leva ao coração.” Percebi como a luz da lanterna dançava em seus óculos, como dois olhos atentos.
Partimos ao amanhecer. O cascalho sob nossas botas era afiado como vidro estilhaçado. O vento uivava pela crista, sacudindo galhos carregados de gelo e agitando ecos distantes. Duas vezes parei para provar o ar — limpo e tão frio que queimava meus pulmões. Ainda assim, cada suspiro parecia sagrado.
Ao subir, cruzamos afloramentos de basalto esculpidos por geleiras antigas, suas superfícies polidas como vidro. Passei a mão enluvada por um destes arcos, sentindo-o tão liso quanto uma urna de mármore. Foi nesses lugares que a montanha parecia sussurrar histórias de eras antes da humanidade — quando Shasta emergiu de mares primordiais.
Ao meio-dia, chegamos a um alçapão coberto de estalactites como lustres. Sob elas, encontrava-se uma fenda estreita, escura como a asa de um corvo. “É aqui que tudo começa”, sussurrou Miriam, nossa linguista, com os olhos brilhando. Ela encostou o ouvido na rocha e jurou ter ouvido um zumbido distante, como tambores chamando lá do fundo.
Com o coração pulsando, acendi uma lâmpada de carbureto e entrei rastejando. A passagem estreitou-se até eu ter de me contorcer de quatro. Atrás de mim, a lanterna de Edward balançava como uma estrela errante. Subia um cheiro de terra úmida misturado a uma doçura inédita, como jasmim levado por uma brisa subterrânea. Essa fragrância prometia maravilhas.
Por fim, o túnel se abriu. Uma luz verde suave escorria pelas veias das paredes, tingindo nosso fôlego em tons de esmeralda. Ficamos em silêncio, maravilhados. O rugido do cume se desvaneceu. Ali, sob a coroa gelada de Shasta, jaz um portal para um reino mais antigo que a memória.

The Hidden Passage
As paredes do túnel reluziam com veios minerais que brilhavam timidamente, como vagalumes aprisionados no gelo. Cada passo ecoava, um tambor oco que parecia nos saudar e nos convidar a adentrar ainda mais as entranhas da montanha. Minhas luvas ficaram úmidas e frias, escorregadias com a condensação que tinha sabor de terra e mar.
Adiante, Miriam deslizou os dedos finos por símbolos gravados — linhas serpenteantes e espirais que se entrelaçavam como amantes. Ela murmurava traduções em tom baixo: “Santuário da Luz”, “Guardiões das Profundezas”. Os glifos eram antigos, mas seu significado soava urgente, como um cartão de visita deixado para os corajosos o suficiente para obedecer ao chamado.
Seguimos em frente, escapando por trás de cortinas de gelo que pingavam em pequenos canais rasos. A água era pura e tinha gosto de calcário, fria como a aurora de um dia de inverno. Ajoelhei-me para colher um pouco com as mãos, maravilhado com sua pureza, e depois a devolvi ao leito de onde viera. “Não somos apenas invasores”, sussurrei. “Somos peregrinos a algo maior.”
A fenda desembocou numa caverna ampla o bastante para embalar uma igreja. Estalactites pingavam em ritmo harmonioso, enquanto, abaixo, um tapete de musgo esmeralda amortecia nossos passos. O ar vibrava com sutil pulsação, como se a própria montanha respirasse sob um véu rochoso.
Edward coletou uma amostra de um depósito cristalino que cintilava como pó de diamante. “Essa composição é desconhecida”, disse ele, com a voz trêmula. “Não pertence a nenhum período geológico que estudei.” Seu foco criou um halo de luz sobre os cristais, lançando arco-íris prismáticos nas paredes.
Um zumbido suave surgiu, baixo e reconfortante, preenchendo a câmara como uma canção de ninar. Seguimos esse som por corredores sinuosos, guiados por manchas de fungos fosforescentes que brilhavam como lanternas distantes. Miriam entoava uma antiga melodia de montanha, sua voz tecendo um fio através do silêncio cavernoso.
No final do túnel, erguia-se um arco de pedra esculpido em relevo com figuras humanas e peixes, cada um segurando um cajado encimado por uma estrela. Acima do portal, lia-se uma inscrição: “Entre com Respeito, Saia com Sabedoria”. As palavras percorreram minha espinha — um convite e um aviso entrelaçados.

The City of Light
Emergimos em um salão vasto que brilhava com luminância suave. Torres de cristal erguiam-se acima como sentinelas congeladas, suas faces facetadas refratando a luz pálida em estilhaços de arco-íris. Sob nossas botas, o piso era mármore branco polido, frio ao toque, como se a montanha oferecesse seu próprio presente de alabastro.
Um silêncio reverente caiu sobre nós. O aroma de calcário úmido misturava-se a uma fragrância doce e inédita — algo floral, como se jardins secretos florescessem em câmaras ocultas. Bem acima, uma cúpula aberta deixava entrar raios de sol, dando a impressão de uma aurora eterna.
Figuras em mantos fluidos deslizavam entre colunas esculpidas com motivos de criaturas marinhas e aves. A pele delas emitia sutil luminosidade, veios turquesa delineando linhas delicadas na carne pálida. Uma delas estendeu lâminas finas de metal que reluziam como mercúrio. Receberam-nos com sorrisos contidos e olhos que pareciam abarcar eras.
Miriam fez uma reverência e apresentou-nos. A visitante disse chamar-se Inaara, Guardiã dos Caminhos de Luz. Sua voz era suave, mas preenchia a câmara como o vento em harpas. Falou de Lemúria, uma terra submersa pelas águas, e de seus antepassados que buscaram refúgio sob o gelo de Shasta para preservar seu conhecimento e harmonia com a terra e as estrelas.
Caminhamos por jardins de flora bioluminescente — altas hastes coronadas por pétalas luminosas, cujo perfume flutuava em ondas gentis. Toquei uma flor; suas pétalas eram aveludadas e quentes contra minha luva. Surgiu uma melodia discreta, mecânica e orgânica, como o zumbido de um instrumento vivo afinado ao pulso da montanha.
Inaara conduziu-nos até uma piscina central de água cristalina. Ela mergulhou seu cajado esguio e símbolos cintilaram na superfície — estrelas, cometas, galáxias sinuosas. “Esta é nossa biblioteca”, disse ela. “Cada história que carregamos está gravada aqui.” Uma onda de luz percorreu a água, como a respiração de um grande leviatã.
Permanecemos em silêncio, corações repletos de admiração. Ali, sob o Monte Shasta, existia uma civilização ao mesmo tempo alienígena e profundamente familiar — um tecido de compaixão entrelaçado em mármore e cristal. Senti um tremor de gratidão e um peso de responsabilidade. Éramos visitantes num reino mais antigo que a maioria dos mitos.

The Encouragement of Shadows
Num salão esculpido em gelo veinado, um conselho lemuriano reunia-se. Sombras dançavam em pilares imponentes enquanto lanternas tremeluziam como rosas brancas na penumbra. O ar trazia o sabor de água mineral e incenso antigo, uma mistura que inflamava a mente com reflexão.
Inaara falou primeiro, traçando padrões no orvalho congelado com os dedos. “Nosso povo enfrenta um ponto de virada”, explicou ela. “Uns desejam voltar para o sol. Outros receiam o mundo além do gelo.” Suas palavras pairaram entre nós como uma geleira suspensa.
Edward adiantou-se, voz firme. “A superfície está repleta de guerras, máquinas e fome. Não é um refúgio seguro.” Deixou o silêncio assentar, pesado como neve que não derrete.
Um murmúrio percorreu a câmara. Uma anciã, envolta em mantos prateados, ergueu um cajado esguio. “Ainda não podemos ser prisioneiros de nosso medo. Já ensinamos ao mundo a harmonia. Quem sabe o mundo ainda possa aprender conosco.” Seus olhos brilhavam com determinação.
Senti meu peito martelar. “Se os lemurianos retornarem, a humanidade pode explorar seu conhecimento ou condená-los ao mesmo destino de Atlântida”, disse eu. Minha voz ecoou nas paredes, um tambor teimoso. “Defendo a preservação — de seu legado e de sua segurança.”
Miriam traduziu meu apelo, lembrando que nosso mundo ainda anseia por sabedoria em reuniões de vilarejos e praças urbanas. Falou de rios envenenados, florestas derrubadas e corações sedentos por esperança. O silêncio que se seguiu foi tão profundo que dava para ouvir a queda de um floco de neve.
Por fim, Inaara assentiu. “Compartilharemos um fragmento de nossa luz”, declarou ela. “Não como conquistadores, mas como guias humildes.” Um suspiro de alívio varreu o conselho. Percebi, então, que sombras e luz devem dançar juntas para moldar qualquer amanhecer.
Lá fora, a montanha pareceu suspirar. O gelo vibrou em concordância. Partimos ao amanhecer, carregando frascos selados de cristal líquido e tábuas gravadas com lições. A subida de volta foi íngreme, mas nosso espírito se elevava. Escalamos como mineiros em busca de riqueza — com o conhecimento como tesouro.
Acima, o sol coroou o cume. E, por um instante, a montanha reluziu como se sorrisse para nós, seu coração ancestral pulsando em sintonia com o nosso.

Conclusion
De volta ao Acampamento Henderson, o amanhecer despontou em matizes de rosa e ouro. As encostas da montanha brilharam suavemente, como se soubessem dos segredos prestes a emergir ao sol. Empacotamos nosso equipamento em silêncio, cada um de nós carregando o peso e o alento do que trazia. O frasco de luz cristalina ficou frio em minha palma, promessa de sabedoria e temperança.
Miriam ajeitou sua mochila e riu baixinho, um som que lembrava o desabrochar de um acorde há muito contido. “Conseguimos”, disse ela, o vapor da respiração pairando no ar gélido. “Unimos dois mundos.” Assenti, com os olhos marejados, o aroma de resina de pinho lembrando-me do lar.
Edward guardou a última amostra e ergueu o olhar ao pico. “É como se a montanha nos desse sua bênção”, murmurou. Quase pude sentir o pulsar de Shasta reverberando sob minhas botas.
Na descida, falamos pouco. Cada passo parecia sagrado, cada cume, um limiar entre dois reinos. Quando alcançamos a linha de árvores, o sol aqueceu nossos rostos como mão amiga. Voltei-me uma última vez, vislumbrando o cume coroado por nuvens errantes.
Dizem que Shasta tem muitas vozes. Agora sei que algumas falam em cristal e mármore, em corredores iluminados e no suave riso de fontes de mármore. Os lemurianos voltaram a ser lenda naquela tarde, deixando apenas sussurros e pegadas na neve.
À medida que os vales se abriram diante de nós, carreguei sua história em meus ossos. É um conto de gelo e luz, de sombras que incentivam e maravilhas que perduram. Que aqueles que ouçam tenham cuidado, pois a montanha ainda murmura vida oculta. E nesse murmúrio reside a promessa do equilíbrio entre a terra e o céu.