Los Aluxes: Gárgulas Travessas da Floresta Maia
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Sobre a História: Los Aluxes: Gárgulas Travessas da Floresta Maia é um Mito de mexico ambientado no Século XIX. Este conto Descritivo explora temas de Natureza e é adequado para Todas as idades. Oferece Cultural perspectivas. Pequenos enganadores que guardam árvores antigas enquanto desviam os viajantes com brincadeiras travessas.
Introdução
O sol da tarde tardia pendia baixo, tingindo o sub-bosque com âmbar derretido. Uma brisa suave agitava o dossel da selva, trazendo o perfume de casca úmida e goiaba madura. Em algum lugar próximo, um tambor distante soava, como se a própria floresta marcasse o compasso de ritmos ancestrais. Entre o zumbido das cigarras e o farfalhar das folhas, os Aluxes despertavam. Cada um mal chegava ao tamanho de uma mão, com olhos luminosos como jade polido e risadas que tilintavam como sinos de templo.
Os moradores da aldeia só falavam deles em sussurros: guardiões travessos das mudas, protetores de raízes e cipós. Deslizavam entre as sombras como ecos do crepúsculo, deixando pequenas pegadas na húmus macia. Às vezes ajudavam os fazendeiros a cuidar das milpas, e outras vezes roubavam abóboras, tecendo enigmas no ar da noite. O cheiro de musgo molhado impregnava quem ousasse lançar até um olhar rápido.
Na beira de uma clareira, a cabana de palha da jovem Dona Rosa refletia o brilho tênue das velas. Ela temia as artimanhas dos Aluxes, mas honrava seu reino com oferendas de pasta de gin‑jal e banana-da-terra doce. Enquanto isso, Tomás, um erudito de Mérida, chegava com pergaminho e pena, determinado a registrar cada sussurro. O peso firme de sua bolsa de couro roçava o quadril, e ele conseguia ouvir o pingar distante de água de uma folha semelhante a uma estalactite acima.
Ninguém, porém, previra como esses duendes minúsculos uniriam corações — ou revelariam os ritmos mais profundos da floresta.
Sussurros Sob a Copa
Tomás pisava levemente, cada passo amortecido por um tapete esponjoso de samambaias. A floresta respirava ao redor dele, perfumada pela resina e pelo leve toque ácido das orquídeas. Duas vezes ele hesitou ao ver partículas prateadas deslizando pelos raios de sol, dançando como estrelas derramadas. As asas de um beija-flor vibravam como um aplauso distante. Em algum lugar, um galho rangeu — um peso invisível se movendo.
Ele lembrava-se das histórias contadas pelos anciãos da aldeia: como os Aluxes guiavam caçadores perdidos de volta à trilha ou faziam nós nos cadarços para pregar peças em viajantes. Mas, quando perguntava detalhes aos moradores, eles apenas sorriam maliciosamente e murmuravam ¡órale! — como se os próprios espíritos pudessem escutar. O ar tinha gosto de fumaça de madeira e calcário úmido, e ele quase podia sentir minúsculas pontas de dedos roçando em sua manga.
Mais adiante, os troncos tornavam-se retorcidos e colossais, com anéis de idade esculpidos como braile na casca. Um trinco baixo ecoou — uma corruíra chamando o par. Tomás desenrolou seu pergaminho e esboçou as formas dos estranhos vestígios: não maiores do que a asa de uma cigarra, mas dispostos com curiosa precisão. Ele anotou uma teia de aranha coberta de orvalho, pingos como um colar de esmeraldas.
Ao meio-dia, feixes de luz romperam o dossel, cintilando nas gotas, cada uma como um sino cristalino. A pena do erudito falhou ao capturar o momento quando uma risadinha aguda se fez ouvir atrás dele, para enfim desaparecer. O chão sob seus pés amoleceu, e ele se viu tropeçando numa cova rasa, disfarçada habilmente por folhagens caídas. O ar tremeu com risos invisíveis. Ele sacudiu a roupa e sentiu um arrepio de espanto: esses Aluxes eram mais do que um mito — eram o próprio coração pulsante da natureza, tão fugazes quanto o último suspiro do crepúsculo.

O Erudito e o Duende
Ao fim da tarde, Tomás nutria tanto orgulho quanto constrangimento sob um dossel de trepadeiras. Ele seguiu adiante, pena presa atrás da orelha, coração batendo feito asas de beija-flor. Logo avistou uma figura de pouco mais que uma palma de altura, empoleirada numa raiz retorcida. A pele era de um tom terroso acinzentado, salpicada de pontos verde-liquen. Usava uma coroa de pétalas, cada uma vívida como cobre polido.
Tomás ficou imóvel. O Alux inclinou a cabeça, orbes esmeraldas brilhando. No silêncio, o ar cheirava a jasmim e milho assado. Então ele falou com voz como o farfalhar das folhas: "Por que você irrompe em nosso berço de raízes?"
O erudito fez uma reverência desajeitada, chapéu na mão. "Busco conhecimento, nobre amigo. Desejo aprender seus modos."
Um risinho respondeu. "Muitos buscam nossos segredos, mas poucos trazem respeito."
O duende saltou até o solo, sua pele macia como couro roçando a manga de Tomás. As pontas dos dedos lembravam a nervura de uma samambaia. "Prove seu valor", sussurrou. "Traga o espelho da lua."
Tomás piscou. "Espelho da lua?"
"Procure o cenote ao amanhecer. Traga água que reflita sol e estrela."
Antes que pudesse responder, o duende desapareceu num borrão, deixando tremores no silêncio crepuscular. O erudito, sem fôlego, resolveu honrar o desafio. Caso vencesse, o Alux revelaria uma única verdade sobre o coração da floresta. Caso fracassasse... bem, ele preferiu nem imaginar.
Naquela noite, acampou próximo a uma nascente cujos pingos soavam como lágrimas distantes, provou a água fria — metálica na língua — e arranjou velas de cera de abelha, cujas chamas tremeluziam como vagalumes nervosos. Quando o primeiro rubor do amanhecer tingiu o céu de ouro-rosado, ele levou sua taça a um cenote oculto, onde estalactites pingavam em ritmo lento e cristalino. Colheu um pouco de água parada e observou como cada ondulação captava ao mesmo tempo o raio de sol e a tênue estrela matinal, espelhando-os em uma dança fugaz.

Travessuras Entre Ruínas Antigas
O templo arruinado ergueu-se da mata como um gigante adormecido, seus blocos de pedra manchados por musgo e cipós entrelaçados. Cada coluna jazia com veias musgosas, textura áspera como couro de jumento. Um coral de quatis chilreava acima, e o cheiro de folhas de palmeira em decomposição misturava-se com a umidade da arenito. Tomás entrou num corredor estreito onde samambaias pingavam como cortinas verdes.
Ele colocou a água do espelho da lua num altar e observou a luz refletida bailar pelas esculturas de onças e serpentes. Uma brisa soprou; a trama de sombras pareceu pulsar. De repente, um movimento no vão do corredor chamou sua atenção: dúzias de Aluxes despontaram num frenesi de pétalas e penas.
Eles agarraram sua bolsa e espalharam seus papéis como pássaros assustados. Tomás investiu, mas escorregou num ponto liso d’água, caindo entre lascas de ferramentas de obsidiana. Sua pena rodopiou sobre os pergaminhos, traçando anotações incompletas em rabiscos frenéticos. Ele sentia o azedo do calcário revolvido.
Um Alux ousado pousou em seu joelho, expressão traquina. "Pensou dominar-nos com tinta e observação", troçou, voz como vento por bambus. "Mas a sabedoria é mais saborosa quando conquistada!"
Ele brandiu um galho, e os papéis dispersos alçaram voo, rodopiando como folhas num turbilhão. O duende acenou para que ele o seguisse, mais fundo nas câmaras desmoronadas. Tochas ardiam em dourado, projetando sombras tremeluzentes quase humanas. Sob um lintel, grafites de exploradores coloniais gravados na pedra falavam de ganância e conquista.
Ali o Alux deteve-se, tocando um símbolo desgastado que representava uma mãe protegendo mudas. "Somos filhos da natureza", murmurou. "Seus antepassados derrubaram essas pedras por ouro, mas ignoraram as veias vivas sob elas."
Tomás sentiu a vergonha brotar no peito. Estendeu a mão. "Ensine-me a proteger essas raízes, então. Peço seu perdão."
Após breve silêncio, o duende sorriu, revelando dentes minúsculos como conchinhas. Tocou a testa de uma onça entalhada, e o recinto brilhou como se a pedra exalasse vida.

Um Pacto de Folhas e Luz
Nas profundezas do coração do templo jaz uma câmara secreta, revestida por lodo esverdeado e macia de séculos de folhas caídas. O ar era espesso, com gosto de mel e terra molhada. Um zumbido baixo, como cigarras em coro, emanava de nichos esculpidos onde vaga-lumes entrelaçavam constelações.
Tomás ajoelhou-se diante de uma bacia de pedra adornada com relevos de lótus. O Alux que conhecera retornou, agora acompanhado por congêneres: alguns com chifres de veado, outros com cabelos de frondes. Eles o observavam solenemente. No centro, repousava um ramo jovem de ceiba, casca tenra como pergaminho novo, folhas cintilantes.
"Este é nosso pacto", entoou o duende líder. "Você cumpriu o desafio, devolveu respeito onde havia desdém. Agora jure guardar esta muda como se fosse sua própria família."
A voz de Tomás tremeu. "Prometo cuidar da ceiba, espalhar sua história e plantar novos bosques. Enquanto essas raízes se aprofundarem, juro protegê-las."
Os espíritos inspiraram, som semelhante ao vento passando por caniços. A luz girou ao redor da bacia, iluminando a câmara em tons de esmeralda e ouro. De repente, a muda de ceiba ganhou vida, crescendo vários centímetros em poucos instantes, fincando raízes na pedra e no solo.
Tomás pousou a mão no tronco. Ele vibrava, quente — vivo de uma maneira que transcendeu a lógica. Centenas de pequenos Aluxes dançavam nas lajes próximas, arremessando pétalas ao ar. O aroma de flor de laranjeira invadiu suas narinas, doce e reconfortante.
Com um último aceno, o líder ergueu os braços cruzados. "Deste dia em diante, teu coração bate com o da floresta. Peça e seremos teus guias. Transgrida e nossas travessuras te assombrarão para sempre."
Enquanto a aurora se insinuava pelo estreito vão do teto, Tomás emergiu, conduzindo a mudinha de ceiba num vaso de barro. Lá fora, os primeiros pássaros anunciavam a manhã em trilhas de alegria. Ele sentia o peso da promessa — mais pesado que qualquer tomo, porém tão delicado quanto uma folha recém-nascida.

Conclusão
Tomás regressou a Mérida com a ceiba vivente embalada em seus braços, as folhas roçando o tecido rústico de seu manto. A notícia de seu encontro espalhou-se: eruditos torciam o nariz, agricultores inclinavam a cabeça com reverência, e crianças sussurravam nos pátios sobre o riso dos Aluxes ecoando pelas raízes.
Dona Rosa ergueu um oratório de madeira em seu quintal, deixando oferendas de milho e incenso para os guardiões ocultos. Ela jurou que a cada amanhecer sentia um cócega de magia em sua pele enrugada — um lembrete suave de que traquinagens e misericórdia andam de mãos dadas.
Com o tempo, a jovem ceiba brotou na praça da cidade, seu tronco cercado de samambaias e pequenas figuras de barro. Pessoas reuniam-se sob seus galhos para contar histórias sobre como respeito e humildade forjam laços indestrutíveis. O ar ali cintilava com passos invisíveis, e às vezes, se o silêncio do crepúsculo estava perfeito, podia-se ouvir risadinhas agudas levadas pela brisa.
Daquele dia em diante, quem maltratasse as matas escondidas via seu caminho se enredar: trovões em céu limpo, arados teimosos que não giravam, ou anos de trabalho transformados em piada. Já aqueles que plantavam bosques e cuidavam das mudas descobriram que as sementes cresciam mais rápido, os frutos amadureciam mais doces, e o vento entoava novas harmonias.
Assim os Aluxes perduram, tecidos na risada do musgo e na promessa de cada anel de madeira. Seu reino permanece à beira da visão, onde o hálito da floresta arrepia a pele como segredo compartilhado. E sempre que um forasteiro vai longe demais sem uma oferenda, aprende — talvez muito tarde — que zombar da natureza é convidar uma travessura que perdura mais que o medo.