La Madre Monte: A Alma Árvore de Vingança da Colômbia

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La Madre Monte: A Alma Árvore de Vingança da Colômbia
La Madre Monte emerges from the mists, her hair intertwined with vines and blossoms, as she watches over her verdant domain with ancient eyes.

Sobre a História: La Madre Monte: A Alma Árvore de Vingança da Colômbia é um Mito de colombia ambientado no Antigo. Este conto Descritivo explora temas de Natureza e é adequado para Todas as idades. Oferece Cultural perspectivas. Um conto mítico de um espírito da natureza colombiano que protege o selvagem da ganância humana.

Introduction

Sob o dossel esmeralda da selva primordial da Colômbia, paira um silêncio como o suspiro de um gigante ancestral. Cipós se enrolam sinuosos ao redor dos troncos de imensas árvores de guayacán, cujas flores alaranjadas reluzem como minúsculas lanternas na penumbra. Nas profundezas, as sombras se movem como se estivessem vivas, e cada ranger do bambu soa como o farfalhar de segredos há muito esquecidos. Gerações de aldeões sussurram sobre um espírito guardião—La Madre Monte—que vela cada folha e cada córrego com vigilância implacável. A lenda diz que ela foi, em vida, uma mulher mortal, amada pela floresta, cujo coração se tornou parte do selvagem ao sofrer sua trágica partida.

Os moradores falam de La Madre Monte com reverência e temor. Dizem que ela se move pelo sub-bosque com passos tão silenciosos quanto um felino, e que seus cabelos são um rio de cipós perfumados de terra e orquídeas. Afirmam que quem ousar invadir seu reino com machados e fogo ouvirá seu lamento no vento e verá suas ferramentas estilhaçarem-se como se enferrujadas pela dor. Alguns anciões juram que uma prece ou um presente humilde—um fio de contas ou um punhado de milho—pode aplacar sua ira, mas outros alertam que é tarefa de tolos, pois ela sente cada cicatriz infligida ao seu domínio. ¡Oye pues! brincam os “corre-índios” da selva, “vale a pena encantar o espírito, ou as camadas da sua alma se descascarão em arrependimento.” Suas risadas encharcadas de chuva ecoam entre as árvores, carregadas de assombro e pavor.

Esta história se desenrola numa era antes de ferrovias ou fios de telégrafo, quando o sol nascia e se punha ao som de cigarras e do coaxar de rãs venenosas. As manhãs têm gosto de terra úmida e seiva fresca; o crepúsculo traz um coro de insetos invisíveis, zumbindo como sinos distantes. Até o ar parece espesso como veludo, quente contra a pele, e cada sopro parece carregado de magia. Aqui, as ambições humanas colidem com forças ancestrais, e o equilíbrio oscila de modo precário. Reunam-se ao redor do facho de luz do lar e atiçam a curiosidade, pois a história de La Madre Monte começa com uma única centelha de ganância—uma faísca que despertará a magia mais profunda da própria selva.

I. Sussurros entre as Árvores

Ao amanhecer, a vila de San Lorenzo repousava aninhada na orla da mata, suas palafitas cobertas por palmas encharcadas de orvalho. Os homens partiam com machados reluzentes, e o riso deles soava claro como moedas de cobre. A fumaça das fogueiras espiralava pelo céu, trazendo conversas sobre novas demarcações e promessas de fortuna. Um madeireiro experiente, chamado Diego, liderava o grupo; suas botas afundavam no húmus úmido como se fossem engolidas por um tapete vivo.

O primeiro golpe do machado ressoou com nitidez, ecoando por bosques de bambu guadua, e o ar estremeceu em resposta. Exalava cheiro de resina e casca molhada, um aroma que acelerou o pulso dos presentes. Lá no alto, aves invisíveis agitaram-se, soltando chamados frenéticos que soavam como mil sinetas. Diego parou, machado suspenso, enquanto a floresta parecia prender o fôlego. Um tremor percorreu a vegetação rasteira: raízes se contorceram como serpentes, e cipós rangeram contra os troncos, como se despertassem de um sono profundo. Mal audível sob todo aquele alvoroço, um coro de rãs crocitava em julgamento, o compasso lento de um tambor premonitório.

Apesar do medo, a ambição falou mais alto. “Precisamos continuar,” resmungou Diego, enxugando suor e seiva da testa. Os homens assentiram em silêncio, cada um sentindo um arrepio percorrer a espinha. Ao meio‑dia, a clareira já era ampla o suficiente para acomodar uma dúzia de carroças carregadas de madeira, enquanto a luz dourada penetrava pelas copas como bronze derretido. Celebraram com caldeiradas reforçadas e café grosso como creme, brindando à riqueza que acreditavam possuir. Porém, ao cair da noite, um véu de inquietação tomou conta do acampamento. De cada sombra exalava o cheiro de musgo úmido, fresco e verde, e ouvia‑se o distante sussurro das folhas roçando umas nas outras, como se a selva inteira lhes advertisse.

Naquela noite, Diego sonhou com uma figura envolta em cipós, olhos cintilando como lanternas gêmeas. Ela falou com voz que tremia como teia de aranha, prometendo retaliação caso ousassem retornar. Ele acordou com um estalo seco—uma das carroças havia partido ao meio, a madeira lascando‑se como pergaminho antigo. Os homens ficaram boquiabertos diante dos feixes espalhados, dispostos num padrão que apontava diretamente para a mata. Nenhum machado fizera aquele som; nenhum homem desferira aquele golpe. No coração da selva, o destino começava a se agitar.

 madeiras coloniais cortando árvores ao amanhecer em uma floresta em névoa na Colômbia
Madeireiros invadem a floresta ao amanhecer, suas facas perfurando árvores ancestrais enquanto a tensão na selva aumenta.

II. A Ira Irrestrita

A notícia da carroça quebrada espalhou-se como fogo em palha, despertando tanto curiosidade quanto pavor. Quando os madeireiros retornaram para outra carga, a floresta parecia ter mudado. Trilhas antes claras agora torciam de forma inesperada, como se as raízes conspirassem para enganar qualquer intruso. Pequenos pássaros circulavam em espirais apertadas, seus gritos agudos como vidro estilhaçado. O perfume de jasmim misturava-se a folhas podres, criando um aroma estranho que se impregnava nas roupas e na pele.

Na terceira manhã, uma jovem caçadora chamada Marta aventurou-se sozinha, levando uma lanterna acesa. Ela admirava as vigas rústicas já removidas—madeira de lei que brilhava como bronze polido—e pensou em impressionar os companheiros com madeira nova. Mas, à medida que avançava, a umidade ficou ainda mais densa, e cada respiração parecia sugar melaço morno. Um estrondo distante ergueu-se, não de trovão ou queda de árvores, mas um zumbido profundo, ressonante, que vibrava nos ossos de Marta. Ela parou. O brilho da lanterna dançou contra a casca úmida, revelando formas efêmeras que tremulavam na periferia da visão.

Ela ouviu um sussurro, suave porém nítido: “Por que ferir meus filhos?” A voz deslizou pelas folhas como uma cobra. O coração de Marta pulsou tão forte que abafou o coaxar distante das rãs. Ela não ousou falar, pois a própria floresta esperava. Então, de um emaranhado de cipós, surgiu uma figura: La Madre Monte, alta e imponente. Sua pele reluzia como jade à luz do luar, e os cabelos desciam em tranças de folhagem viva, cada folha salpicada de orvalho. Seus olhos eram poços profundos do tom da mata, e na presença dela Marta sentiu o peso dos séculos. A lanterna vacilou como se tocada por uma rajada de vento, embora o ar permanecesse imóvel.

Marta caiu de joelhos, deixando a lanterna cair, as mãos tremendo visivelmente. Ela estava paralisada; a voz presa na garganta. La Madre Monte ergueu um longo dedo coberto de cipós, e o solo tremeu sob seus pés. A jovem sentiu a terra aspirar e, em seguida, soltar um sopro que apagou a chama. Seguiu‑se um silêncio tão profundo que parecia uma entidade viva se aproximando. Quando Marta ergueu o olhar, o espírito já havia sumido, restando apenas o perfume suave de orquídeas e pedra úmida. Ela se levantou cambaleando e fugiu, cada passo soando como um tambor, a floresta observando sua fuga como predadora rondando a presa.

A Madre Monte surgindo entre as videiras, com seus olhos brilhando suavemente na selva.
La Madre Monte surge do folhagem viva, sua pele de jade e seus cabelos entrelaçados com vinhas pulsando com um poder ancestral.

III. A Retribuição da Floresta

Até o quinto dia, os madeireiros não ousavam entrar na mata antes do meio‑dia e, mesmo assim, trabalhavam em silêncio inquieto. Ferramentas se partiam sem aviso; cordas se desgastavam e rompiam como mordidas de dentes invisíveis. Cada amanhecer trazia novas provas da ira de La Madre Monte—árvores arrancadas durante a noite, dispostas em padrões que lembravam sigilos de advertência, e rastros de animais gravados na lama em espirais sinuosas.

O desespero floresceu. O capataz, um veterano barbudo chamado Renaldo, decidiu sacrificar duas cabras na borda da floresta, na esperança de apaziguar o espírito. As cabras baliram em terror enquanto suas cabeças eram golpeadas por lâminas cruéis, e o sangue nutria a terra sedenta. Mas nenhum vento benevolente soprou; nenhum murmúrio de aprovação abençoou a oferenda. Em vez disso, naquela noite, o abastecimento de água da vila tornou‑se estagnado, espesso como cera derretida, e um fedor de decomposição invadiu cada casa. Renaldo acordou engasgado, a garganta seca de pavor. Cambaleou até a margem do rio onde a água costumava correr cristalina e encontrou a superfície repleta de enguias retorcidas, seus corpos escorregadios como carvão molhado.

Seguiu‑se o caos. O gado quebrou as amarras nos currais, olhos selvagens, e os homens relataram ter ouvido seus próprios nomes ecoando em poças escuras onde não havia reflexo. Os tambores da floresta tropical batiam em uníssono—uma cacofonia de cigarras, roedores correndo e um trovão distante—que fez muitos se encolherem nas palhoças, paredes tremendo como se o próprio solo estivesse enfurecido. Até os caçadores mais destemidos recusaram‑se à perseguição, reunindo‑se em volta de fogueiras trêmulas, o cheiro do café mal escondendo a fumaça acre.

No meio desse pandemônio, chegou uma sacerdotisa chamada Isabela, vinda de um povoado distante. Carregava uma surrada bolsa de couro repleta de orações e pós antigos. Alta e serena, movia‑se como a luz do luar filtrada pelas folhas. Sua presença tranqüila trouxe um lampejo de esperança. “A fúria de La Madre Monte nasce da dor,” disse ela aos aldeões apavorados. “Não se satisfaz com sangue. Mostre respeito, liberte seu lamento, e talvez ela se acalme.” Suas palavras, suaves como musgo sob os pés, despertaram algo no coração do povo. Compreenderam que a força bruta não domaria aquele espírito. Precisavam entender sua dor e restaurar o equilíbrio que haviam rompido.

Aldeões fugindo enquanto toras despedaçadas jazem pelo chão e a selva treme com uma força sobrenatural.
Troncos quebrados e terra tremente sinalizam a vingança de La Madre Monte, enquanto os aldeões assustados dispersam-se diante do poder da floresta.

IV. Misericórdia entre os Cipós

Sob um fino crescente de lua, Isabela conduziu um pequeno grupo de aldeões ao coração da mata. Eles percorreram trilhas labirínticas iluminadas por fungos bioluminescentes, cujo brilho suave projetava padrões fantasmagóricos nas folhas úmidas. O ar pulsava com o perfume de musgo molhado e samambaia esmagada, enquanto corujas ao longe ecoavam como sinos solenes. Cada passo parecia caminhar sobre um mosaico vivo, e os aldeões balançavam ao ritmo do cântico silencioso da selva.

Na clareira conhecida como El Altar de Raízes, raízes ancestrais formavam um púlpito natural salpicado de oferendas desbotadas—cacos de cerâmica, flores secas e espelhos manchados de oxidação. Ali, Isabela ajoelhou‑se e estendeu seus pós de ocre e cinza, traçando símbolos de união ao redor das raízes. Marta e Diego, agora humildes, depositaram pequenas oferendas: um apito de barro simples e um pássaro de madeira entalhada. Sussurraram desculpas por seus crimes, vozes trêmulas como seda de aranha. O vento cessou; até os animais pareceram conter o movimento.

Em seguida, Isabela iniciou seu cântico numa língua anterior a qualquer memória viva, cada sílaba ressoando pelos troncos como aço vibrante. Minúsculas partículas de luz desceram da copa, rodopiando ao redor do grupo como vaga‑lumes atraídos pelo lar. Um brilho suave envolveu a clareira, e La Madre Monte surgiu, sua forma tecida de hera e sombras do crepúsculo. Seus olhos, antes ferozes, agora cintilavam com algo parecido a lágrimas. Ela pousou uma mão delicada sobre as raízes, que vibraram com vida renovada, entrelaçando galhos caídos numa dança de renascimento.

Um silêncio reverente se instalou na mata, quebrado apenas pelo sussurrar das folhas. La Madre Monte ergueu a cabeça e, com voz que tremeu como o canto primeiro de um pássaro, falou: “Filhos da terra, ouço seu arrependimento. Restituíssem o que foi tirado, e a floresta florescerá novamente.” Então desvaneceu na luz lunar, deixando para trás o perfume suave de orquídeas selvagens e chuva fresca. Nos dias que se seguiram, os aldeões replantaram mudas nos clareiras arrasadas e purificaram o riacho poluído com cestos de areia e carvão. À medida que brotos verdes se erguiam como pequenas bandeiras, aprenderam que conviver com o selvagem era recompensa maior que qualquer riqueza extraída.

A partir daquela noite, nenhum machado ecoou sem antes uma prece, e nenhuma fogueira foi acesa sem antes espalhar um punhado de milho para o espírito. Gerações depois, a lenda de La Madre Monte ensinou-lhes que o maior tesouro não está em madeira ou ouro, mas no tecido vivo da própria selva.

Ritual no altar principal sob fungi biolumiscente enquanto La Madre Monte emerge.
Isabela e os aldeões realizam um ritual à luz da lua no altar da raiz, invocando a misericórdia de La Madre Monte entre fungos bioluminescentes.

Conclusion

Quando o primeiro raio de luz do amanhecer finalmente rasgou o dossel, a selva pareceu vibrar num cântico de gratidão. Novos brotos de guayacán erguiam-se para o céu como crianças ansiosas, e o rio corria límpido mais uma vez, sua superfície dançando em filigranas douradas. San Lorenzo renasceu não pela força da indústria, mas pelo respeito e pela humildade. Em cada casa, famílias penduravam cipós trançados como lembrança de advertência e misericórdia. Aprenderam que a floresta não é inimiga nem mercadoria, mas um ancestral vivo que respira ao seu lado. A lenda de La Madre Monte perdurou como um ensinamento gravado na memória coletiva: o equilíbrio da natureza jamais deve ser subestimado.

Marta tornou‑se guardiã oficial da vila, ensinando cada geração a honrar a selva e a decifrar suas sutis mensagens—a mudança no canto dos pássaros ou o súbito silêncio das cigarras ao anoitecer. Diego trocou o machado por uma trouxa de mudas, ajudando os vizinhos a replantar a terra ferida. E os moradores enfeitavam suas celebrações com orquídeas e cabaças, festejando não apenas as colheitas de milho, mas o presente de uma floresta restaurada.

Assim, o espírito de La Madre Monte perdura em cada farfalhar de folhas e em cada sussurro do vento, lembrando que o selvagem não exige subjugação nem conquista, mas reverência. E enquanto a humanidade se lembrar de oferecer seu respeito, o coração verde da Colômbia continuará a pulsar, vivo e livre.

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