A Lenda do Senhor dos Mortos
Tempo de leitura: 5 min

Sobre a História: A Lenda do Senhor dos Mortos é um Myth de mexico ambientado no Ancient. Este conto Dramatic explora temas de Courage e é adequado para All Ages. Oferece Moral perspectivas. Uma jornada ao Xibalba para desvendar os segredos da vida e da morte.
No coração da densa selva mesoamericana, onde o dossel exuberante engolía o sol e sussurrava segredos de eras passadas, nasceu uma história de deuses e mortais, vida e morte. Esta é a história de Xibalba, o submundo governado pelo temido Senhor dos Mortos, um ser que comandava tanto reverência quanto terror. Através de coragem, sacrifício e confronto divino, o delicado equilíbrio da vida foi testado, deixando uma lenda que ecoaria pela eternidade.
A vila de Itzan estava aninhada dentro do mar esmeralda da selva. Aqui, a vida era simples, porém rica. Os agricultores cuidavam de suas plantações, os artesãos moldavam argila em formas requintadas, e as crianças corriam descalças ao longo das margens do rio. No coração da vila permanecia um templo piramidal dedicado a Ah Puch, o temido Senhor da Morte. Ofertas de cacau, milho e incenso eram feitas diariamente, garantindo que a ira da divindade fosse mantida à distância. Mas a jovem Ixchel, filha do tecelão, tinha pouco medo da divindade. Conhecida por seu espírito ardente e curiosidade incessante, ela frequentemente vagava pelas bordas da floresta apesar dos avisos. Uma noite, quando o sol se punha baixo e as sombras se alongavam, Ixchel ouviu uma melodia assombrosa. Não era humana nem bestial, mas ressoava como uma canção de outro mundo. — Não vá — sua mãe sussurrou quando Ixchel relatou a melodia. — Essa é a canção de Xibalba. Segui-la é trilhar o caminho dos mortos. A curiosidade de Ixchel foi aguçada, não dissuadida. Naquela noite, guiada pela luz da lua, Ixchel aventurou-se na selva. A canção estava mais clara agora, uma melodia sombrio chamando-a para mais fundo. Ela seguiu até ficar diante de um cenote aberto, um sumidouro sagrado que, segundo rumores, era um portal para o submundo. Enquanto observava suas profundezas, uma voz, profunda e ecoante, a assustou. — Por que você está invadindo? Das sombras emergiu uma figura vestida com peles de jaguar e coroada com caveiras. Sua pele brilhava como obsidiana à luz da lua. Era Hun-Came, um dos senhores gêmeos de Xibalba. — Eu ouvi a canção — respondeu Ixchel, tremendo, mas recusando-se a fugir. Hun-Came a observou, um lampejo de interesse cruzando seu rosto. — Poucos mortais se atrevem a se aproximar dos portões de Xibalba. Ainda menos retornam. Você deseja conhecer as verdades da vida e da morte, menina? Hun-Came conduziu Ixchel por um ritual para descer a Xibalba. Ela cruzou rios de sangue e pus, adentrou neblinas densas e passou por rostos de pedra silenciosos embutidos nas paredes, cujos olhos a seguiam a cada movimento. — Você é corajosa — comentou Hun-Came. — Mas coragem sozinha não será suficiente. Você deve enfrentar três provações para retornar ao mundo de cima. A primeira prova testou sua mente — um jogo de engano com os Senhores da Morte, que se deleitavam com enigmas. A segunda prova testou seu espírito, forçando-a a atravessar um rio de desespero onde sombras sussurravam seus medos mais profundos. A terceira prova, no entanto, testaria seu coração. Ixchel foi levada a um vasto rio subterrâneo. Em suas margens estava sua família, mas seus olhos estavam vazios e suas formas fantasmagóricas. — Salve-os — ordenou Hun-Came. O coração de Ixchel doía enquanto mergulhava nas águas. Sua família clamava por ela, suas vozes se misturando em lamentos angustiados. Porém, quando ela tentou alcançá-los, o rio se agitava, puxando-a para baixo. O aperto gelado dos mortos a agarrava. Ela lembrou-se dos ensinamentos de sua avó. A vida não era sobre conquistar a morte, mas entender seu lugar. Com essa sabedoria, Ixchel cessou sua luta e deixou que o rio a levasse. Emergindo do outro lado, Ixchel encontrou-se no Salão das Caveiras, onde Ah Puch próprio estava sentado em um trono de ossos. Seus olhos ocos penetravam sua alma. — Você fez o que nenhum mortal fez — rosnou ele. — Você viu Xibalba e caminhou em suas profundezas. Por que eu deveria deixá-la partir? Ixchel ajoelhou-se. — Eu não busco desafiá-lo, grande Senhor da Morte. Desejo apenas entender por que devemos temer o que não podemos evitar. Ah Puch permaneceu em silêncio, então levantou-se. — Você passou. Retorne ao seu mundo com minha bênção, mas fale do que viu apenas em sussurros. O equilíbrio da vida e da morte deve ser preservado. Quando Ixchel acordou, estava deitada perto do cenote, os primeiros raios da alvorada tocando seu rosto. Em sua mão havia uma única flor negra, símbolo de sua jornada. Ela havia cruzado para Xibalba e retornado — não mais como uma menina, mas como uma guardiã de seus segredos. Sua história tornou-se lenda, e os aldeões a reverenciavam não por sua bravura, mas por sua compreensão. Ixchel nunca mais aventurou-se na selva, mas à noite, quando os ventos traziam uma melodia triste, ela sussurrava orações de gratidão a Ah Puch, o Senhor dos Mortos. Anos se passaram, e Ixchel tornou-se a mais sábia anciã da vila. Viajantes de terras distantes buscavam sua sabedoria, na esperança de aprender os segredos de Xibalba. Contudo, ela permaneceu fiel à sua promessa, compartilhando apenas o que era necessário. Embora Ixchel eventualmente tenha falecido, diz-se que seu espírito habita a selva, guiando almas perdidas. O cenote onde sua jornada começou tornou-se um local sagrado, e a flor negra que ela carregava acreditava-se desabrochar ali uma vez por ano — um presente do Senhor dos Mortos. A história de Ixchel e sua jornada a Xibalba foi transmitida através de gerações, lembrando que a vida e a morte são apenas dois lados da mesma moeda.A Canção da Selva
O Caminho Proibido
O Início da Provação
O Rio dos Mortos
A Oferta
O Retorno
A Guardiã dos Segredos
A Lenda Vive