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Sobre a História: A Lenda do Nurarihyon é um Legend de japan ambientado no Medieval. Este conto Descriptive explora temas de Courage e é adequado para All Ages. Oferece Cultural perspectivas. O misterioso yokai que controla a vida de uma aldeia desavisada.
Nas regiões costeiras do Japão, contos sobre o misterioso Nurarihyon têm passado de geração em geração, envoltos em mito e medo. Conhecido como o mestre do disfarce e o líder dos Yokai—um grupo de seres sobrenaturais no folclore japonês—Nurarihyon é uma criatura que incorpora tanto astúcia quanto charme. Ele se infiltra nas casas despercebido, assume o papel de mestre e toma o controle de forma impecável. Sua presença perturba até os mais corajosos, ainda que sua verdadeira natureza permaneça elusiva.
Nos primeiros dias do período Edo, em uma manhã enevoada, a vila de pescadores de Fukagawa se agitou com rumores de avistamentos estranhos. Os pescadores falavam em tons baixos sobre uma figura vista caminhando pela costa, surgindo da névoa do mar, apenas para desaparecer como um espectro. Naquela manhã em particular, o ancião da vila, Sato, estava sentado em frente ao seu pequeno santuário, observando a névoa se aproximar. Ele havia vivido por muitas estações para sentir quando algo incomum prestava a ocorrer. O ar estava muito quieto, o mar muito tranquilo. Enquanto olhava para a névoa, uma sombra emergiu. Sato piscou os olhos, tentando discernir a figura. Era um homem, ou pelo menos parecia ser. Vestido com um manto de seda que brilhava mesmo na pálida luz da manhã, ele se movia com uma calma perturbadora. Sua cabeça tinha um formato estranho, alongada na parte superior, como uma cabaça. “Quem é ele?” Sato sussurrou para si mesmo. A figura caminhou diretamente em direção à casa de Sato, seus olhos brilhando sob a aba larga de um chapéu peculiar. Sato levantou-se para recebê-lo, mas antes que pudesse dizer uma palavra, a figura sorriu e acenou como se fossem velhos amigos. Sem dizer uma palavra, o estranho entrou na casa de Sato, andando até a cozinha como se a possuísse. O ancião observou, sem palavras, enquanto o homem se acomodava, servia chá e reclinava-se nos tapetes do chão. Ele agia como se fosse o mestre da casa, com uma autoridade tal que Sato, atordoado demais para protestar, simplesmente se sentou de volta. Após alguns momentos, o estranho deu um aceno breve, levantou-se e saiu tão silenciosamente quanto havia chegado. A vila logo descobriu que aquele não era um homem comum. Era o Nurarihyon—uma figura enigmática do reino dos yokai—que havia vindo para viver entre eles. A vila rapidamente ficou inquieta. As famílias começaram a notar ocorrências estranhas—objetos movidos, comida desaparecendo e quartos reorganizados—tudo isso sem sinais de arrombamento. As mulheres preparavam as refeições, apenas para descobrir que um visitante se servira antes que qualquer outra pessoa se sentasse à mesa. Alguns dos moradores começaram a sussurrar que o Nurarihyon havia se estabelecido em Fukagawa. Sato, que já havia testemunhado a chegada do visitante misterioso, não era de ser facilmente convencido por superstições. Mas mesmo ele achou impossível descartar o que tinha visto com seus próprios olhos. A figura entrou em sua casa como um fantasma, não deixou rastros e carregava um ar de comando que Sato nunca tinha visto antes. A notícia chegou ao sacerdote da vila, Kojiro, conhecido por sua sabedoria no trato com o sobrenatural. Ele acreditava que a vila havia sido visitada por algo muito mais sinistro do que uma simples alma errante. Kojiro começou a investigar, reunindo os moradores para aconselhamento e buscando maneiras de se livrar daquela presença inquietante. “Nurarihyon,” Kojiro explicou aos moradores reunidos uma noite, “não é um yokai comum. Ele não faz mal, mas brinca com a mente dos homens. Ele pode assumir o controle de sua própria casa, e vocês permitem que ele faça isso. O perigo está em sua decepção. Se permitirmos que ele se estabeleça aqui, talvez nunca nos livremos dele.” Os moradores ouviram, com os olhos arregalados de medo. A ideia de que uma entidade tão poderosa pudesse simplesmente entrar em suas casas, assumir o controle e deixá-los se sentindo impotentes era suficiente para causar noites sem dormir por toda a vila. Com o passar dos dias, Kojiro elaborou um plano para confrontar o Nurarihyon. Eles ofereceriam a ele um grande banquete, convidando-o como o convidado de honra, e então usariam amuletos sagrados para baní-lo da vila para sempre. Na noite do banquete, toda a vila preparou a melhor comida e bebida que pôde reunir. Mesas transbordavam de arroz, peixes grelhados e fragrantes tigelas de sopa de miso. Garrafas de saquê alinhavam as mesas, seus conteúdos brilhando à luz das tochas. Era uma noite de celebração, mas por debaixo da superfície, a tensão era palpável. Este não era um banquete comum; era uma armadilha. Sato, Kojiro e vários outros moradores esperavam nervosamente a chegada do convidado. Sentaram-se ao redor da mesa baixa, observando a porta, esperando que aquela figura familiar e inquietante aparecesse. E então, como se fosse invocado pelo peso de seu medo coletivo, o Nurarihyon entrou. Ele se movia com a mesma graça assustadora de antes, seus mantos esvoaçando levemente atrás dele. Sua cabeça, ainda assemelhando-se a uma cabaça, inclinava-se ligeiramente enquanto examinava a sala. Sem hesitar, ele se sentou no centro do banquete, sorrindo discretamente enquanto começava a comer. Kojiro sinalizou para os outros moradores. Lentamente, começaram a circular ao redor da mesa, segurando amuletos e murmurando orações baixinho. Mas o Nurarihyon apenas riu suavemente. “Vocês acham que podem me expulsar tão facilmente?” ele disse, com a voz baixa e aveludada. “Eu não sou um mero espírito. Eu sou Nurarihyon, mestre dos Yokai. Esta vila agora está sob a minha proteção.” Kojiro tremia enquanto apertava o amuleto sagrado. Mas antes que pudesse dar outro passo, o Nurarihyon desapareceu—deixando apenas um assento vazio e o cheiro persistente de incenso. Naquela noite, os moradores ficaram com mais perguntas do que respostas. Como poderiam banir algo que podia desaparecer à vontade? Como poderiam lutar contra um ser que parecia existir tanto em seu mundo quanto além dele? Semanas se passaram, e a vila se estabeleceu em uma calma inquieta. O Nurarihyon não mostrava mais sua presença com tanta frequência, mas os moradores sabiam que ele ainda estava lá, espreitando nas sombras, observando cada movimento deles. Uma noite, enquanto Sato estava sozinho em sua casa, refletindo sobre os eventos dos últimos meses, uma realização o atingiu. O Nurarihyon não tinha vindo para lhes causar mal. Ele, à sua maneira, havia reivindicado a vila como seu domínio, mas não a havia destruído. Na verdade, desde sua chegada, estranha que fosse, a vila prosperava. A colheita foi farta, e os pescadores trouxeram mais capturas do que nunca antes. Sato decidiu procurar o próprio Nurarihyon. Se pudesse entender o verdadeiro propósito deste yokai, talvez houvesse uma maneira para a vila coexistir com ele. Naquela noite, Sato aventurou-se até a beira da floresta, onde a névoa era mais densa. Ele chamou na névoa, “Nurarihyon, busco seu conselho.” A princípio, houve apenas silêncio. Mas então, a figura familiar apareceu, saindo da névoa como se estivesse lá o tempo todo. “Você é ousado, Sato,” disse o Nurarihyon, com a voz suave e dominante. “Poucos me procurariam voluntariamente.” “Eu desejo entender,” respondeu Sato. “Por que você veio para nossa vila?” O Nurarihyon sorriu. “Eu venho onde sou necessário. Sua vila estava fraca, dividida pelo medo e pela superstição. Minha presença traz ordem. Vocês me temiam, mas eu não os prejudiquei. Apenas tomei o que foi dado livremente.” Sato abaixou a cabeça, considerando as palavras cuidadosamente. “Então, se não resistirmos, você não nos trará mal?” Nurarihyon riu suavemente. “Vocês não têm o que temer, velho homem. Deixem-me guiar sua vila, e ela prosperará. Mas lembrem-se, não devo ser subestimado. Respeitem-me, e viverão em paz.” Com isso, Nurarihyon desapareceu mais uma vez na névoa. Na manhã seguinte, Sato reuniu os moradores e relatou seu encontro com Nurarihyon. Alguns estavam céticos, enquanto outros temiam a ideia de permitir que um yokai tivesse tanto controle sobre suas vidas. Mas Sato os assegurou que Nurarihyon não tinha intenção de causar mal—desde que respeitassem sua presença. Os moradores, cansados de viver com medo, concordaram relutantemente com um pacto silencioso. Eles não tentariam mais expulsar Nurarihyon, mas, ao invés disso, coexistiriam com ele. Ele lhes seria oferecido um lugar nos banquetes, reconhecendo sua presença invisível, e em troca, ele protegeria a vila contra perigos. A partir daquele dia, Nurarihyon tornou-se um guardião invisível da vila. Embora raramente fosse visto, sua influência era sempre sentida. A vila prosperou sob seu olhar atento, e as pessoas passaram a aceitar que seu protetor incomum não era um inimigo, mas parte de suas vidas. À medida que o tempo passava, as histórias de Nurarihyon se espalharam além de Fukagawa. Outras vilas ouviram falar do misterioso yokai que podia controlar casas e vidas com tanta facilidade. Alguns acreditavam no conto, enquanto outros o descartavam como mero folclore. Mas em Fukagawa, eles conheciam a verdade. Anos se passaram, e Sato envelheceu. Seu cabelo tornou-se branco, e seus passos desaceleraram, mas ele permaneceu o ancião da vila, respeitado por todos. Muitas vezes pensava no Nurarihyon e se perguntava se o yokai ainda os observava das sombras. Uma manhã enevoada, muito parecida com o dia em que Nurarihyon chegou pela primeira vez, Sato estava sentado fora de sua casa, olhando para o mar. A névoa era densa, e o ar estava calmo. De repente, uma figura familiar emergiu da névoa—Nurarihyon, inalterado pelo tempo, seus mantos esvoaçando suavemente ao vento. “Você veio,” disse Sato, sorrindo discretamente. “Vim,” respondeu Nurarihyon. “É hora de eu partir.” Sato assentiu, entendendo que a vila já não precisava mais da proteção do yokai. Eles haviam se fortalecido e se unido, não mais vinculados pelo medo ou superstições. “Você nos serviu bem,” disse Sato, inclinando-se profundamente. “E você, velho homem, foi um líder sábio,” respondeu Nurarihyon. “Mas lembre-se, sempre estarei observando.” Com isso, Nurarihyon virou-se e voltou para a névoa, desaparecendo de vista. A vila nunca mais o viu novamente, mas sua lenda perdurou.A Chegada Misteriosa
O Surgimento da Suspeita
Apreensão da Comunidade
O Banquete de Confronto
A Revelação do Ancião
O Pacto da Vila
A Última Visita