Tempo de leitura: 13 min

Sobre a História: A História do Hitotsume-kozou é um Folktale de japan ambientado no Medieval. Este conto Descriptive explora temas de Courage e é adequado para All Ages. Oferece Moral perspectivas. Uma emocionante jornada pelo mundo místico do Japão, repleta de yokai e demônios.
Nas profundezas das nebulosas florestas do Japão, onde as árvores se estendem em direção aos céus e a lua lança sua luz pálida sobre o mundo abaixo, existem criaturas que poucos já viram. Esses espíritos e monstros, conhecidos como yokai, convivem com os humanos há séculos, escondidos nas sombras, habitando antigos santuários e templos esquecidos espalhados pela paisagem. Um desses yokai é o Hitotsume-kozo, um duende travesso de um olho só, muitas vezes confundido com uma criança. Embora inofensível, essa criatura inspirou inúmeras lendas, sua aparência peculiar e comportamento estranho cativando a imaginação daqueles que ousam mencionar seu nome.
Nossa história se passa em uma pequena aldeia situada à base das montanhas florestadas. Era uma aldeia comum, lar de agricultores, artesãos e crianças que brincavam sob os olhos atentos de seus anciãos. No entanto, esse lugar pacífico guardava um segredo antigo, que os moradores faziam o possível para esquecer. No fundo da floresta, dizia-se, vivia um Hitotsume-kozo, que aparecia a cada poucas décadas para causar problemas e pregar peças nos desavisados. A criatura não era perigosa, mas suas travessuras se tornaram motivo de pesadelos para as crianças, que temiam que um dia o duende de um olho só pudesse vir atrás delas.
Foi no final do outono que a aldeia começou a notar que algo estava errado. As noites ficaram mais frias, e uma névoa estranha desceu sobre a terra, permanecendo nos campos e ruas muito tempo depois de o sol ter nascido. A princípio, parecia apenas uma mudança no tempo, mas logo pequenas coisas começaram a desaparecer. A princípio, eram apenas bugigangas—moedas antigas, ferramentas, uma peça de roupa. Mas com o passar dos dias, itens mais valiosos começaram a sumir: um colar de herança da casa de um comerciante local, um conjunto de talheres finos da pousada da aldeia, até comida das barracas de armazenamento. Os moradores ficaram perplexos. Ninguém havia visto nada, e não havia sinais de arrombamento ou luta. Alguns sussurravam que eram obras de ladrões, outros sugeriam que poderia ser um animal faminto. Mas à medida que os incidentes continuavam, um medo diferente começou a se espalhar—um medo enraizado nas antigas histórias contadas à lareira por gerações. Será que era o Hitotsume-kozo, retornando mais uma vez à sua aldeia tranquila? Os anciãos, que lembravam da criatura de suas próprias infâncias, ficaram inquietos, e as crianças, sempre propensas à superstição, passaram a ter medo de sair de casa após o anoitecer. A aldeia decidiu agir. Um grupo de jovens, liderado por um homem chamado Takashi, um caçador habilidoso, partiu para a floresta em busca da fonte dos problemas. Takashi era corajoso, forte e não temia as antigas lendas. Ele não acreditava em yokai e estava certo de que algum brincalhão estava por trás dos furtos. Armados com arcos e flechas, o grupo adentrou a floresta nebulosa, determinado a capturar quem quer que, ou o que quer que, estivesse atormentando a aldeia. Por horas eles procuraram, chamando uns aos outros enquanto trilhavam a densa vegetação. Mas quanto mais adentravam, mais opressiva a floresta se tornava. A névoa parecia crescer, abafando suas vozes e escondendo o caminho de volta para casa. Sombras se moviam no canto da visão, e sons estranhos ecoavam de lugares invisíveis. Os homens começaram a se sentir inquietos, mas Takashi os incentivava a continuar. Ele não retornaria de mãos vazias. Então, justamente quando o sol começou a se pôr no horizonte, viram algo—a figura movendo-se entre as árvores, pequena e rápida, desaparecendo e reaparecendo na névoa. Takashi sinalizou para os outros seguirem, e eles avançaram cautelosamente, com as cordas dos arcos tensas, prontos para atacar. Mas, à medida que se aproximavam, perceberam que não se tratava de uma pessoa comum. Diante deles estava uma pequena criatura, mal da altura de uma criança, com uma cabeça redonda e careca e um único e grande olho no centro do rosto. Vestia um robe vermelho esfarrapado, e sua boca estava esticada em um largo sorriso travesso. O Hitotsume-kozo havia retornado. Antes que pudessem reagir, a criatura soltou uma risada alta e desapareceu na névoa, deixando os homens congelados de choque. Takashi, sempre cético, recusou-se a acreditar no que havia visto. Mas os outros sabiam—they haviam visto o yokai com seus próprios olhos, e agora não havia mais como negar. O Hitotsume-kozo estava de volta, e dependia deles detê-lo antes que as coisas piorassem. De volta à aldeia, os homens se reuniram na praça da cidade para compartilhar sua história. Os moradores ouviram em silêncio, rostos pálidos de medo. Alguns dos anciãos assentiram com conhecimento, relembrando contos do Hitotsume-kozo de sua própria juventude. Outros murmuraram orações baixinho, esperando afastar o espírito travesso. Takashi, entretanto, permaneceu inconformado. Ele acreditava que havia uma explicação lógica para o que haviam visto, talvez um truque de luz ou uma brincadeira de algumas crianças locais. Mas, apesar de seu ceticismo, a aldeia não podia ignorar a crescente sensação de apreensão que pairava no ar. Os furtos continuaram, e agora acontecimentos estranhos também eram relatados. Crianças acordavam à noite e encontravam seus lençóis torcidos em nós, portas e janelas que estavam firmemente trancadas eram encontradas abertas pela manhã, e risadas assustadoras podiam ser ouvidas ecoando pelas ruas quando ninguém estava por perto. Desesperados por respostas, os moradores decidiram consultar o sacerdote local, um homem sábio e bondoso chamado Kenji, que vivia em um pequeno santuário nos arredores da aldeia. Kenji havia estudado os antigos textos e sabia mais sobre os yokai do que qualquer outra pessoa na aldeia. Ele ouviu atentamente enquanto Takashi e os outros contavam sua história, acenando pensativamente enquanto descreviam a criatura que haviam visto. "É, de fato, um Hitotsume-kozo," ele disse por fim. "Eles são travessos, mas não perigosos. No entanto, prosperam com o medo e o caos. Se deixarmos isso continuar, apenas se tornarão mais ousados. Devemos encontrar uma maneira de apaziguá-lo antes que cause danos reais." Os moradores não sabiam como proceder. Alguns sugeriram armar armadilhas, enquanto outros propuseram oferecer presentes à criatura na esperança de conquistar seu favor. Mas Kenji tinha uma ideia diferente. Ele acreditava que o Hitotsume-kozo poderia ser razoado, e que se conseguiam encontrá-lo e oferecer um pedido de desculpas sincero por invadir seu lar, ele poderia deixá-los em paz. Takashi zombou da ideia, mas sem um plano melhor, os moradores concordaram em tentar. Kenji preparou uma pequena oferenda de bolos de arroz e saquê, e um grupo de aldeões, liderado pelo sacerdote, adentrou a floresta mais uma vez. Desta vez, não trouxeram armas, mas lanternas e a oferenda na esperança de resolver a situação pacificamente. Após várias horas de busca, eles encontraram a criatura novamente, desta vez empoleirada em um galho baixo de uma árvore, observando-os com seu único olho. Ela não fugiu, mas também não se aproximou. Kenji deu um passo à frente, curvando-se profundamente diante do yokai, e ofereceu a comida e a bebida. "Lamentamos se o perturbamos," disse ele humildemente. "Não queríamos lhe causar nenhum mal. Por favor, aceite esta oferenda como um sinal de nosso respeito e deixe nossa aldeia em paz." Durante um longo momento, o Hitotsume-kozou não disse nada. Então, com um movimento lento e deliberado, saltou do galho e aproximou-se da oferenda. Cheirou os bolos de arroz, olhou para os aldeões e, para surpresa deles, começou a comer. Os moradores assistiram maravilhados enquanto a criatura devorava a comida, sua boca larga mastigando barulhenta. Quando terminou, soltou um arroto satisfeito e olhou para Kenji com seu olho brilhante. Então, com um aceno de aprovação, virou-se e desapareceu na névoa mais uma vez. Os moradores ficaram exultantes. Parecia que o Hitotsume-kozou havia aceitado seu pedido de desculpas e não os incomodaria mais. Pela primeira vez em semanas, retornaram para suas casas com um sentimento de alívio, acreditando que o pesadelo havia finalmente acabado. Mas a paz não durou muito. Justamente quando os moradores começaram a relaxar, uma presença nova e mais sinistra se fez notar. Começou com sussurros, mal audíveis a princípio, mas que se tornaram mais altos e insistentes a cada dia que passava. As pessoas começaram a ver figuras sombrias espreitando nas bordas da floresta, e os animais antes amigáveis da mata tornaram-se agressivos e imprevisíveis. A princípio, os moradores pensaram que era apenas a imaginação, o medo residual da visita do Hitotsume-kozou. Mas logo, coisas estranhas e terríveis começaram a acontecer. As colheitas murcharam da noite para o dia, o gado adoeceram, e o poço da aldeia, antes cristalino, tornou-se turvo e impróprio para beber. As pessoas começaram a adoecer, com rostos pálidos e magros, corpos fracos e trêmulos. Ninguém sabia o que estava causando essas desgraças, mas uma coisa estava clara: algo muito pior que o Hitotsume-kozou havia chegado à aldeia. Kenji, profundamente preocupado, retornou ao seu santuário para pesquisar nos textos antigos por respostas. Ele examinou pergaminhos e escrituras, procurando qualquer menção a uma criatura que pudesse causar tamanha destruição. Após dias de pesquisa, encontrou o que procurava. A criatura que assombrava a aldeia não era um simples yokai, mas um oni—um demônio poderoso e malévolo que prosperava com o sofrimento e o desespero. Os moradores ficaram horrorizados. Um oni era muito mais perigoso que o Hitotsume-kozou, e sua presença significava que a aldeia estava em grave perigo. Sabiam que os oni traziam destruição e morte onde passavam, alimentando-se do medo e da miséria daqueles que atormentavam. Não há como razonar com um oni, e nenhuma oferenda poderia apaziguá-lo. A única maneira de livrar a aldeia dessa terrível ameaça era banir o demônio por meio de um ritual poderoso—um que exigia grande habilidade e força de espírito. Kenji sabia que não poderia realizar o ritual sozinho. Precisava de ajuda, mas havia apenas uma pessoa na aldeia que tinha a força e a coragem para enfrentar um inimigo tão formidável—Takashi. Embora Takashi ainda não acreditasse plenamente no sobrenatural, não podia negar o sofrimento da aldeia. Quando Kenji veio até ele com o pedido, ele concordou relutantemente em ajudar. Juntos, eles se preparariam para a batalha que estava por vir. O ritual para banir o oni era complexo e perigoso, exigindo tempo preciso e a combinação certa de objetos sagrados. Kenji e Takashi trabalharam incansavelmente por dias, reunindo os itens necessários—água benta, uma espada abençoada e pergaminhos sagrados inscritos com orações de proteção. Os moradores, embora aterrorizados, fizeram o que podiam para ajudar, oferecendo comida e suprimentos para auxiliá-los em seus esforços. Na noite do ritual, a aldeia estava silenciosa, exceto pelo uivo do vento entre as árvores. Uma névoa densa havia se instalado sobre a terra mais uma vez, e o ar estava carregado de tensão. Kenji e Takashi ficaram no centro da aldeia, cercados pelos objetos sagrados que haviam reunido. Os moradores observavam de suas casas, rezando pelo sucesso do ritual. Quando o relógio marcou meia-noite, Kenji começou a entoar, sua voz baixa e firme, recitando as orações antigas que chamariam o oni e o prenderiam dentro do círculo de proteção. Takashi ficou ao seu lado, a espada abençoada na mão, pronto para atacar caso o demônio aparecesse. Por um longo tempo, nada aconteceu. A aldeia permanecia estranhamente silenciosa, e a névoa parecia comprimir-se ao redor deles, densa e sufocante. Mas então, um rosnado baixo ecoou pelas ruas, seguido por uma rajada de vento que quase os derrubou. Das sombras, emergiu uma figura imensa—uma criatura corpulenta e corcunda com olhos vermelhos brilhantes e pele tão escura quanto a noite. O oni havia chegado. Kenji continuou a entoar, sua voz ficando mais alta à medida que o demônio se aproximava. O ar crepitava com energia, e o chão tremia sob seus pés. Takashi segurava firmemente a espada, o coração batendo forte no peito. Ele nunca tinha visto algo assim antes, mas sabia que suas vidas—e o destino da aldeia—dependiam do que aconteceria a seguir. O oni rosnou, mostrando seus dentes afiados enquanto avançava em direção a eles. Mas ao cruzar o limiar do círculo de proteção, soltou um rugido ensurdecedor de dor. Os objetos sagrados brilharam com uma luz ofuscante, e o demônio foi forçado a recuar, incapaz de penetrar a barreira. As orações de Kenji haviam funcionado—o oni estava preso. Agora, dependia de Takashi. Com um grito, ele levantou a espada e investiu contra o demônio. A lâmina, abençoada com poder sagrado, cortou o ar com um clarão brilhante. O oni rugiu de fúria enquanto a espada atingia sua carne, mas ainda não estava derrotado. A batalha continuou, o demônio agitando-se com suas garras, mas cada vez que tentava atacar, o círculo de proteção o repelía. Por horas que pareceram intermináveis, Takashi lutou contra o demônio, seu corpo doendo de exaustão, mas sua determinação nunca vacilou. Ele sabia que se falhasse, a aldeia estaria perdida. Com um último e desesperado golpe, ele cravou a espada profundamente no coração do oni. O demônio soltou um último rugido ensurdecedor antes de colapsar no chão, seu corpo dissolvendo-se em fumaça e sombra. A aldeia estava salva. Nos dias que se seguiram, a aldeia começou lentamente a se recuperar. As colheitas prosperaram novamente, o gado recuperou sua saúde, e a água do poço tornou-se clara e pura. Os moradores, embora abalados pela provação, estavam gratos pela paz restaurada. Takashi, antes cético, havia visto o poder dos yokai e a força do espírito humano. Ele enfrentou uma ameaça inimaginável e saiu vitorioso, não apenas por si mesmo, mas por toda a sua comunidade. Embora nunca tivesse buscado ser um herói, os moradores o consideravam assim, e contariam a história de sua bravura por gerações. Quanto ao Hitotsume-kozo, ele nunca foi visto novamente. Alguns dizem que retornou à floresta, contente por viver em paz após os aldeões terem mostrado respeito. Outros acreditam que ainda vigia a aldeia das sombras, pronto para aparecer novamente se necessário. Mas uma coisa é certa—a aldeia nunca esqueceria a lição aprendida: que o mundo está cheio de mistérios, tanto assustadores quanto maravilhosos, e que às vezes, até a menor das criaturas pode possuir grande poder.O Desaparecimento
O Encontro
Uma Nova Ameaça
O Ritual
Paz Restaurada